... as ferramentas mudam e surgem assim, novos profissionais. O que se mantém inalterada no tempo é a capacidade humana de ocupar espaços. explico:
houve um tempo em que o artista tinha de saber esculpir em pedra para vender o seu layout: e assim alguém desenhou belissimas capitais romanas na Coluna de Trajano. um layout que perdura até hoje, de um artista cujo nome se perdeu nas brumas
ainda houveram (nessa sequencia) os papiros, os pergaminhos, o papel de trapo e o de celulose que usamos hoje em dia. para cada uma destas inovações surgiram artistas que as souveram aproveitar, que souberam usar a ferramenta adequada para cada superficie e outros tantos que foram perdendo o emprego.
saber desenhar faz parte desta relatividade da história da arte, e agora do design. muitos de nós (eu entre eles) não conseguimos um bom traço a pincel e lápis. porém muitos artistas plásticos não sabem tocar num mouse.
imprescindivel? nem uma coisa nem outra. o que acontece é que o nosso mundo contemporaneo abarca a soma de todas as tecnologias inventadas, de maneira que há espaço ainda para o escultor, o pintor, o caligrafo, o desenhista e, enfim, esta nova espécie: o artista/designer/técnico digital
o que não me deixa sempre de surpreender aqui na lista é a aparente necessidade que temos de - para entender - colar rótulos nas coisas
garcia junior:
Muito bom teu comentário Paulo.
Era justamente o que eu queria: gerar o debate sobre o tema com o artigo. Vale a pena dizer que o "ato criativo" é feito usando-se ferramentas e suportes. O ato de desenhar manteve-se o mesmo durante milênios (idéia-mão-ferramenta-suporte-resultado). Esse processo ainda se mantém só que a ferramenta é o mouse ou a caneta de uma tablet. Os aplicativos gráficos ajudam e muito quem não tem a habilidade de se expressar com lápis e papel, mas se você já a tiver ajuda. E muito.
Também vale ressaltar a diferença entre o artista e o designer. Esse tema é explosivo, mas tenho minhas opiniões. Um artista pode ser designer e vice-versa, basta que a motivação, metodologia e resultado sejam alterados. O artista parte para criação, geralmente, por uma motivação interna (emoção/inquietação) e sua peça (obra de arte) tem um caráter de sublimação, originalidade e unicidade. O designer parte, geralmente, por uma motivação externa (cliente/encomenda) e sua peça (produto) tem um caráter de pragmatismo, reprodução e multiplicação. De acordo com o contexto histórico e cultural em que a produção visual é analisada ela poderá ser considerada arte ou design.
Exemplo: Michelangelo não pintou a Capela Sistina só por que queria, ele recebeu uma encomenda da Igreja. Mas nem por isso o resultado do que ele fez deixa de ser Arte. Mas se hoje uma pessoa recebe a encomenda de fazer uma montagem fotográfica com alguns efeitos especiais e uma frase (slogan) para divulgar um evento religiosos qualquer a ser veiculado num painel numa fachada de um templo ou igreja, o que essa pessoa fez não foi arte e sim design. Mas quem sabe daqui a 500 anos não pode ser considerado Arte?
Outro exemplo: as crateras (vasos tipos de vasos) gregas eram pintadas com temas mitológicos carcaterizando a cultura daquele lugar. Na época isso era considerado uma arte inferior à Escultura e à Arquitetura produzidas na Grécia. Mas hoje em dia uma cratera grega é um relíquia da Arte e Cultura daquela civilização.
Pra concluir acredito que nada pode ser absoluto, Mas relativismos demais complicam as coisas também. Temos de levar sempre em consideração o contexto em que a peça é criada, sua finalidade original, técnicas e materiais com que foram concretizados e seu modo de exposição.
Estas frases acima me inspiraram a escrever outro artigo no meu site, o Imagética.
allan sulleiman:
Na minha opinião, o objetivo do design é criar uma forma com funcionalidade, ou seja, criar um material estéticamente "bonito", não entrarei na questão do que é bonito ou não, mesmo pq o bonito não faz parte do design, o bonito é gosto, e no design gosto não se discute e sim a função, então como estava dizendo, criar um material estéticamente "bonito" com funcionalidade, ou seja, com conceito. Para isso, o designer utiliza-se de diversas ferramentas, e uma delas é o desenho, agora, se esse mesmo designer não sabe utilizar um lápis em cima de um papel, porém consegue atingir seu objetivo de criar algo com uma forma e função adequadas ao que lhe foi solicitado, esse designer não precisa saber desenhar.
Essa é minha opnião, concordam comigo?
Bem, minha opinião é a de que saber desenhar não implica necessariamente em ser artista, dominar anatomia, luz&sombra, vestimenta, perspectiva, etc., mas saber dominar no nível básico do desenho, saber compor, elaborar configurações, formas básicas, que serão usadas como ponto de partidas nos projetos de design.
Imagine agora se a Bauhaus abrisse mão das aulas de desenho para os alunos. Achasse que era coisa de outra época, que o desenho não deve fazer parte dos conhecimentos do designer.
Concordo com alguns colegas que as ferramentas mudam, mas os princípios permanecem. Como eu posso compor uma imagem usando mouse se não consigo fazer o mesmo com um simples lápis?
Fechando, acho sim, que o designer deve dominar os 'princípios' do desenho. Os arquitetos que lidam com formas menos orgânicas que nós, precisam saber, por que nós não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário