quinta-feira, dezembro 7

dos designers, da historia, das abreviaturas e da leviandade no falar e no escrever o Portugues...

e aqui mais uma edição das conversas que acontecem na lista de design de que participio

dos designers, da historia, das abreviaturas e da leviandade no falar e no escrever o Portugues...

Susyane Noronha:
"Caros colegas,


Sinceramente não sou uma pessoa radical, creio que sou bastante tolerante, mas DEVEMOS e PODEMOS evitar essa enxurrada de ERROS DE PORTUGUÊS na Lista. Mesmo porque, temos que lidar diariamente com clientes, conceituar nossos projetos, fundamentar nossas idéias e mostrar que nós, Designers, somos profissionais sérios e competentes. E, um erro de português grotesco pode levar a uma total descredibilidade e, consequentemente, comprometer todo um trabalho. É verdade que a língua portuguesa é muito difícil e há inúmeras cascas de banana, mas devemos nos policiar um pouco. Com certeza, a linguagem coloquial (dia-a-dia), faz com que certos vícios sejam difíceis de superar e ainda mais com a nova linguagem nos bate-papos com inúmeras abreviações e outros artifícios. Não quero atingir ninguém em especial, apenas quero alertar que tais erros devem e podem ser evitados com uma breve pesquisa – até mesmo o software Microsoft Word ajuda um pouco (rsrs). Instalem algum dicionário online, consultem o velho e bom Aurélio. Leiam, leiam bastante a fim de formar um bom repertório de conhecimento. Tenham certeza que esse conhecimento adquirido não só vai ajudar a escrever melhor, como também vai criar subsídios para realizar melhores projetos."

Paulo W:
Faço coro com Susyane e com quem defende o auto-policiamento do portugues, falado e escrito. E vou mais longe, citando uma obra, "1984", de George Orwell.


Neste livro esboça-se em seus elementos a tese de que o empobrecimento da lingua facilita o empobrecimento das idéias. Explico: suprima de seu vocabulário palavras como "amor, paz, liberdade, direitos, razão, conhecimento, etc e tente formular uma construção qualquer...

Verás que quanto maior o vocabulário, e quanto mais correta a construção da palavra escrita/falada tanto melhor voce passará sua mensagem. Um aborigene não faz equações por ser burro, mas por não ter dominio da linguagem (neste caso, a matemática avançada).

Portanto, nós, que vivemos no e para o mundo da comunicação, devemos aperfeiçoar, aprofundar e difundir o bom portugues.

Talita Mendes:
Eu acho q vc está certa até certo ponto. Erros de português em texto escrito é fogo, não custa nada revisar antes de enviar um texto para a lista. Concordo com isso plenamente! Porém, acho q já q estamos no meio digital certas "regalias" são proporcionadas pelo próprio meio. O uso de abreviações, "gírias"... tudo isso faz parte deste novo tipo de comunicação q não existia na época em q até bilhetinhos contavam com todo o rigor da gramática portuguesa.
Bem, esta é apenas minha opinião, e, sinceramente, eu vou continuar escrevendo assim :P
Abraços a todos!!

Ricardo Tomasi:
A possibilidade de reduzir "que" para "q" existe desde que a palavra surgiu, ora. Não é nenhuma nova possibilidade criada pela tecnologia, e sim necessidade na época em que celulares não aceitavam mensagens com muitos caracteres. Estamos em frente a teclados com todas as letras, e-mails com espaço infinito e sinceramente, perder centésimos de segundo para digitar três letras a mais, escrever corretamente e facilitar a leitura não mata ninguém.
De qualquer maneira, as abreviações são o mal menor, há verdadeiros monstrinhos sendo criados a cada meia dúzia de mensagens na lista. Como o Paulo já disse, a habilidade de se comunicar bem é essencial para o exercício da nossa ativididade. Saber (e querer) escrever corretamente não é um obstáculo, e sim uma vantagem.
Paulo W:
Comentando o Ricardo que diz acertadamente

"(...)

A possibilidade de reduzir "que" para "q" existe desde que a palavra surgiu, ora. Não é nenhuma nova possibilidade criada pela tecnologia, e sim necessidade na época em que celulares não aceitavam mensagens com muitos caracteres. Estamos em frente a teclados com todas as letras, e-mails com espaço infinito e sinceramente, perder centésimos de segundo para digitar três letras a mais, escrever corretamente e facilitar a leitura não mata ninguém. (...)"








eu queria citar um outro livrinho que todos nós podemos encontrar em bancas de revista, sendo ele "A Carta de Pero Vaz de Caminha", uma edição de bolso, pela Martin Claret, se não me engano. pois bem, lendo este livrinho e outros que nos trazem cartas dos séculos posteriores ao XVII (e antes também, porém emoutras linguas) veremos a profusão de abreviaturas das quais os escribas se valiam, justamente por não terem "teclados com todas as letras" e "memoria infinita de e-mail". não se trata apenas de arcaismos em desuso. o fato é que estas cartas são ilegiveis a não experts, ainda que escritas na nossa lingua há bem poucos séculos, justamente por causa do excesso de abreviaturas. se para o bom entendedor meia palavra basta a palavra inteira servirá certamente para meio entendedor.

Adriano:
Sabe onde constato muito facilmente a influência do uso das abreviações ... ou mesmo com a difusão em massa da internet e dos pc-home ... Experimente chamar uma serie de amigos e colegas no skype e msn e veja a boa fluencia de palavras mesmo que o assunto seja pobre ou quase nada!!! Agora pegue estas pessoas e levem uma de cada vez para explicar o mesmo assunto tratado anteriormente mas com um microfone nas mãos falando para um púiblico de 50 ou 100 pessoas!!!

Estou pagando pra ver, mas tenho a minha conclusão de que estes amigos e colegas irão gagueijar, mal expressar ou mesmo ficar com os cacuetes como ... ééé ..... sabe aquela parada ...... tá ligado ...... fuiííí papum!

Sabe onde constatei mais verozmente estes dados? .... Na época da faculdade onde os meus colegas estavam se preparando para a apresentação da monografia e ficavam questionando porque não podem apresentar o projeto somente para a banca examinadora? Daí viviam em busca de táticas e dicas de como apresentar adequadamente um projeto ou trabalho com os professores de metodologias, o coordenador do curso, até a moça da cantina estava sendo
solicitada nestas alturas.

Paulo W:
colegas, ainda dentro deste assunto dos erros de portugues e da legibilidade de antigas cartas e livros (no que concerne a palavra escrita, propriamente dita - ou seja, aos termos empregados) eu estava olhando mais atentamente meus arquivos digitais e observei curiosamente que os livros escritos em ingles do século XVI e também cartas manuscritas e/ou códices de copistas - de um século anterior ainda - foram escritos num ingles tão correto que eu mesmo os posso ler. o mesmo não ocorre com facilidade com minha lingua nativa, o portugues infere-se daí que ao mesmo tempo em que aparentemenmte o ingles não passou por grandes modificações ao longo dos séculos os primeiros editores e tipógrafos (em ingles, ressalto) tiveram cuidado em não abusar das abreviações. no entanto, este esmero parece não ter ocorrido com edições portuguesas e espanholas, por exemplo. isto é um traço cultural, que herdamos da cultura ibero-portuguesa, o desleixo?

abraços

deste elucubrador designer

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