sábado, abril 14

Patton, os flancos e o lugar-comun

"Algum idiota um dia disse que tem-se de proteger os flancos e hoje é só o que parecem saber os militares em geral. AOS DIABOS COM OS FLANCOS!"

Este post não é sobre o General Patton, mas sobre a força e a ignorância contidas no lugar-comum. Um filósofo, acho que foi Nietzsche - não sei, já chamou-nos a atenção para o fato lógico (Lógica é uma disciplina historicamente filosófica mas que deve estar hoje eu penso na Matemática) de que a maioria não detém necessariamente a verdade.

George Smith Patton, Jr. (11 de novembro de 1885, San Gabriel, Califórnia, EUA – 21 de dezembro de 1945, Heidelberg, Alemanha)

fonte: Wikipedia em português
Foi o general do 3º exército dos Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecido como "Old Blood and Guts", era amado e odiado pelos seus soldados. Amado por tratar-se de um guerreiro nato e odiado pelo fato de ser rígido ao ponto de não admitir que seus soldados sofressem fadiga de batalha, "este é um santuário para guerreiros, tirem estes covardes daqui, eles fedem" declarou certa vez sobre internos por fadiga de batalha na tomada de Palermo ao visitar um dos hospitais montados para receber feridos. Foi cotado para ser o líder da operação Overlord mas perdeu o cargo para o seu então vice-comandante Omar Bradley.

Patton, gênio militar da Segunda Guerra Mundial, foi um artista. E sua obra-prima? O avanço do 3º Exército dos EUA Operação Cobra durante os anos de 1944 e 45. Os homens de Patton cruzaram a Europa numa velocidade espantosa, libertando cerca de 12 mil cidades e povoados.

Num curto espaço de tempo percorreram 2 mil quilômetros e reconquistaram 200 mil quilômetros quadrados de território. Patton e sua tropa fizeram 1,2 milhão de prisioneiros, deixaram 386 mil feridos e mais de 144 mil soldados mortos. Em resumo, retiraram em combate mais de 1,8 milhão de prisioneiros. Estes números tão impressionantes só foram obtidos com dois de seus principais traços de personalidade: a capacidade de liderança e a extrema ousadia para ignorar ordens superiores.

Um general de contrastes

Por trás do general sisudo escondia-se um homem de contrastes. De um lado, um herói americano: patriota, casado, duas filhas e um bull terrier - chamado Willie. De outro, um homem cheio de extravagâncias: falava francês, fazia poesias e gostava de desenhar seus uniformes, usava uma pistola Colt 45, com cabo revestido de marfim e suas iniciais gravadas em preto. Acreditava em reencarnação. Jurava ter lutado em Tróia, tomado parte das legiões romanas de Júlio César contra Átila e participado das guerras napoleônicas, orava de joelhos, mas xingava como um caminhoneiro. Era um dos generais mais ricos do exército dos Estados Unidos e foi graduado pela academia militar de Westpoint.

Esquisitices à parte

O general Patton não era um sujeito que podia dispensar uma briga de proporções inimagináveis. Ele dominava uma novidade no cenário de batalhas: a artilharia motorizada. Quando os EUA entraram em campo, dois anos depois do início da guerra, o general Dwight Eisenhower — companheiro dos tempos de caserna e comandante supremo dos aliados — convocou-o imediatamente. Eisenhower sabia que Patton estava entre os poucos homens do mundo capazes de manobrar um exército de tanques blindados. A estréia do general não foi decepcionante. Em novembro de 1942, sob sua liderança, o Marrocos, a Argélia e boa parte da Tunísia foram libertados. O general alemão Erwin Rommel e seu famoso agrupamento de tanques Afrika Korps ficaram encurralados em Túnis, que caiu em maio de 1943, deixando um saldo de aproximadamente 200 mil soldados alemães como prisioneiros.

Como reconhecimento, o general Eisenhower deu a Patton o comando do 7º Exército na Operação Husky, que liberou as cidades de Messina e Palermo do controle nazista e para o desembarque das tropas aliadas na Sicília, sul da Itália. Ali a rivalidade entre o general Patton e o general britânico Bernard Montgomery havia se acirrado. Na Sicília, a ordem era clara: Patton deveria defender os flancos de Montgomery, que avançaria até a cidade de Messina, cuja localização norte era estratégica, encurralando o inimigo e impedindo uma retirada organizada. Patton detestou a idéia de ficar com o papel de coadjuvante. Todavia, nada saiu como planejado. Montgomery encontrou resistência e pediu ao general Harold Alexander que enviasse Patton para ajudá-lo. Alexander emitiu ordens. O general americano simulou problemas na transmissão e seguiu travando uma guerra pessoal contra os alemães, italianos e, de quebra, contra o "aliado" Montgomery. A intenção era chegar na frente do britânico. Sucesso! Conseguiu resgatar o restante da ilha, libertou Palermo e ainda atingiu o destino, reivindicando a glória.

Eu cheguei primeiro!

Patton teve mais uma chance de exibir sua astúcia na batalha das Ardenas, na fronteira da Bélgica com a Alemanha. Durante cinco dias, os alemães isolaram 18 mil soldados americanos na cidade de Bastogne. Patton foi convocado para salvá-los. Em apenas três dias, resgatou os compatriotas. O destino seguinte era o coração da própria Alemanha. Quando cruzou o Reno, Patton violou novamente ordens que proibiam o 3º Exército de atravessar o rio. Uma noite, ouvindo uma transmissão da BBC, escutou um discurso de Churchill atribuindo a Montgomery a façanha de ser o primeiro general a atingir o Reno. Patton enfureceu-se e, diante dos auxiliares, arriou as calças e urinou no Reno gritando: Eu fui o primeiro!

Batalha das Ardenas

Em 16 de dezembro de 1944, há 60 anos, num gesto desesperado, Hitler quis cortar as linhas do inimigo e conquistar a cidade de Antuérpia, foi sua última grande ofensiva e uma das batalhas mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial. Ele havia percebido corretamente a fragilidade dos aliados na floresta das Ardenas, fronteira da Bélgica com a Alemanha. O local era de difícil acesso e de fato estava mal guarnecido. Foi um risco calculado, justificou-se depois o general Bradley. A ofensiva se deu seis meses depois do desembarque na Normandia, quando os belgas se preparavam para celebrar seu primeiro Natal em liberdade depois de cinco anos.

Operação Torch

Em julho de 1942, o presidente estado-unidense Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill decidiram que os aliados deveriam abrir uma segunda frente de batalha. A intenção era dividir as atenções do exército nazista e ajudar a União Soviética. Stálin queria uma segunda frente na Europa, mas Roosevelt e Churchill preferiram começar pelo norte da África. O comando ficou com Dwight Eisenhower.

Inimigo: Montgomerry

"Monty", como era conhecido, herói nacional e amigo de Winston Churchill, sabia usar como ninguém suas relações pessoais para obter vantagens do Alto Comando aliado. Eisenhower curvava-se a quase todas as suas exigências, o que irritava Patton profundamente. Patton e Eisenhower, antes velhos amigos, foram se afastando. Muito de dizia que a "britanização" de Eisenhower devia-se a um tórrido caso com sua motorista britânica, Kay Summersby. De qualquer maneira, poucos souberam se aproveitar disso como Montgomerry, que facilmente conseguia impor suas idéias.

Patton: um senhor da guerra

A Alemanha estava se esfacelando e a guerra se aproximava do fim. Mas Patton queria chegar antes dos soviéticos a Berlim. O Alto Comando tinha outros planos. O 3º Exército foi enviado para Áustria. Praga, capital da antiga Tchecoslováquia, estava ao alcance das mãos, mas reservado à esfera de influência de Stálin. Quando percebeu que a guerra terminaria sem um confronto com os comunistas, o velho Patton atacou a política de Eisenhower e do presidente Harry Truman, que assumira o cargo em abril de 1945. Com o 3º Exército, varreríamos o que restou dos soviéticos - disse em discurso. Depois da guerra, o general ganhou um posto administrativo na Baviera, Alemanha. Insastifeito, voltou a criticar a política de Eisenhower, que defendia a não-participação de filiados ao partido nazista na reconstrução da Europa. Como na Baviera boa parte da população era filiada, ficava impossível administrar. Assim Patton antecipou sua aposentadoria. Três meses depois de sair da ativa, em dezembro de 1945, um tanque sem freios esmagou o jipe do general, nos arredores de Heidelberg, na Alemanha. Gravemente ferido, ele faleceu em 21 de dezembro e foi enterrado em Hamm, Luxemburgo, junto aos combatentes mortos na Batalha das Ardenas. É o único general americano sepultado fora de sua terra natal. Em tempos de paz, George Patton nasceu para guerra e sem a guerra deixou de ter uma razão para existir.

Patton: o escritor

O General Patton escreveu um diário de guerra, que foi compilado e organizado pela sua esposa Beatrice Ayer Patton chamado "A guerra que eu vi (War as I knew it)", 1974. São memórias deste no período em que participou da Segunda Guerra Mundial. Contém impressões pessoais, táticas e estratégias de guerra além de conselhos de combate. Conta também em detalhes as estratégias utilizadas nas campanhas da África e Sicília, operação Overlord, campanha do Palatinado e outras.


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