segunda-feira, julho 31

Gustave Doré, O Corvo, de Poe



mais ilustrações de Doré para O Corvo, de Poe

Hugo Pratt e Flavio Colin


já repararam como as vezes o traço de Flavio Colin se parece com o de Hugo Pratt???


Album da Colonia Portuguesa (2)



mais imagens do Album da Colonia Portuguesa. quanto mais o vejo mais percebo ser um precursor das revistas de sociedade de nossos dias. seria um antepassado de nossas colunas sociais...

domingo, julho 30

h p lovecraft, arte inspirada em...


arte inspirada em elementos do universo de h p lovecraft

veja também minha obra "A Cor que Veio do Espaço"

O APOGEU CLASSICO DA ESCRITA GÓTICA

Os caracteres góticos possuem variações diversas, na forma e fruto, sobretudo, de suas condições históricas. Iniciou-se o seu desenvolvimento logo após o declinio da breve escrita carolingea e desenvolveu-se em diversas formas passando pelo old english, o textura, as formas rotundas entre outras até o inicio da imprensa, que, depois de iniciar utilizando-se de caracteres goticos sofreu uma brusca guinada motivada pelo uso de tipos latinos, a partir de Veneza, principalmente. Contudo, os paises nordicos e protestantes continuaram usando em larga escala, mesmo na imprenbsa, caracteres goticos. Chegando o Imperador Maximiliano a encomendar a criação de tipos goticos especiais para uma série de livros que iria imprimir, e ai surgiram os tipos fraktur. Depois de poucas novidades entre os séculos XVIII e XIX, foi em fins do século XIX que tanto na europa quanto na america, avassalada por experiencias "egiptianas" sofreu mais um aumento no uso e criação.

Nos inicios do século XX grassavam novos estilos não góticos mas em parte derivados as vezes, como os art déco e art nouveau, a escola Kelmscott reviveu alguns caracteres carolingeos, celtas e variações de "littera antiqa". Isto, e mais a Primeira Guerra Mundial, fez perder-se o interesse pelo seu uso que foi fortemente renovado no periodo nazista, quando os goticos herdaram temporariamente o estiga de "escrita nazista".

Excluindo-se o uso nas titulagens dos grandes jornais, tivemos de esperar as décadas do esquecimento da Segunda Guerra para vermos esta forte renovação nestes belissimos, ainda que pouco legiveis, tipos. (pw)

Nos ultimos anos eles vem sofrendo uma franca renovação através da digitalização de suas varias formas e até com o desenvolvimento moderno de novas cepas. Vamos dar aqui um inicio a varios posts sobre o assunto. este, portanto, será bem resumido.

Gótica Textura:
Muito popular a partir do século XIII, a Gótica Textura toma seu nome do latina "textum" que significa tela tecida. As letras são extremadamente angulosas e comprimidas, ficando dificil para po leigo perceber que letra se trata comprimida entre as outras. Apenas o contexto soluciona a leitura. O que se pretendia não era a legibilidade do texto, mas que as palavras se convertessem em sofisticados padrões de desenho. As letras perdem então sua importância para dar um impacto visual da palavra como um todo. (gravura: estes caracteres "textura" estão dispostos bem legivelmente. normalmente o espaçamento entre as letras, mais reduzido, dificulta ainda mais sua leitura)

Gotica Fraktur:
A escrita e a tipografia "fraktur" não foram desenvolvidas na mesma época que suas companheiras, a bastarda e a textura (Idade Media). É inicialmente uma obra de design, de planejamento tipográfico realizado pelo alemão Johan Neudorffer que, no século XVI a usou pela primeira vez para o livro de horas de Maximiliano Primeiro. A Gotica Fraktur provem oficialmente da Cancilleresca (Itálica). Ao lado: Maximiliano, o Imperador do Sacro Império que patrocinou a criação dos tipos fraktur.

Saiba mais sobre o periodo medieval e a arte gótica.
e
existem novos tipos góticos?

ARRIVABENUS, GEORGIUS , (dicionario de tipografos)

Trabalhou como impressor em Veneza entre 1483 e 1500, tendo executado obras clássicas e textos legais. Algumas vezes imprimiu associado com Paganinus de Paganinis, nomeadamente um Missale Romanum, em 1484. Sozinho deu à estampa uma bíblia latina, em 1487/8, obras de Horacio, em 1490, e trabalhos de Justiniano.

europa, séculos XII a XV, panorama artistico = A ARTE GÓTICA

europa, séculos XII a XV, panorama artistico

ARTE GÓTICA

O estilo gótico é identificado como o período das grandes catedrais. De fato, com suas construções começaram a ser definidos os princípios fundamentais desse estilo. O gótico teve início na França, novo centro de poder depois da queda do Sacro Império, em meados do século XII, e terminou aproximadamente no século XIV, embora em alguns países do resto da Europa, como a Alemanha, se estendesse até bem depois de iniciado o século XV. O gótico era uma arte imbuída da volta do refinamento e da civilização na Europa e o fim do bárbaro obscurantismo medieval. A palavra gótico, que faz referência aos godos ou povos bárbaros do norte, foi escolhida pelos italianos do renascimento para descrever essas descomunais construções que, na sua opinião, escapavam aos critérios bem- proporcionados da arquitetura. No entanto, nada podia estar mais longe da realidade. (foto: embora Hyeronimus Bosch tenha vivido no final da idade média e início da renascença, sua obra é um atestado visual das mentalidades e anseios da Idade Média)

Foi nas universidades, sob o severo postulado da escolástica - Deus Como Unidade Suprema e Matemática -, que se estabeleceram as bases dessa arte eminentemente teológica. A verticalidade das formas, a pureza das linhas e o recato da ornamentação na arquitetura foram transportados também para a pintura e a escultura. O gótico implicava uma renovação das formas e técnicas de toda a arte com o único objetivo de expressar a harmonia divina. A Ressureição Pintura O traço que mais identifica a pintura gótica é seu intencional naturalismo. Partindo da premissa de que a representação do mundo real refletia a verdadeira natureza divina da criação, os pintores do gótico elaboraram uma pintura carregada de simbolismo, a fim de tocar emocionalmente o observador. O resultado foi a criação de uma arte de linhas claras e cores puras, na qual era a cor que expressava o valor simbólico da espiritualidade. Em estreito contato com a iconografia cristã, a linguagem das cores era completamente definida: o azul, por exemplo, era a cor da Virgem Maria, e o marrom, a de São João Batista. A manifestação da idéia de um espaço sagrado e atemporal, alheio à vida mundana, foi conseguida com a substituição da luz por fundos dourados. Essas técnicas e conceitos foram aplicados tanto na pintura mural quanto no retábulo e na iluminação de livros. Sobre a escrita do período e seu desdobramento nos caracteres góticos atés os dias de hoje veja este post.

A finalidade primordial da pintura gótica era ensinar a criação divina e, num sentido mais didático, narrar as Escrituras para o maior número de pessoas, quase sempre analfabetas. Os temas eram religiosos, tirados da tradição bizantina. Além das histórias da Bíblia, representava-se também a vida dos santos e a iconografia de Cristo, particularmente a crucificação, capítulo central da teologia da Idade Média. Virgem Escultura: A escultura gótica está presente nas fachadas, tímpanos e portais das catedrais, que foram o espaço ideal para sua realização. Como a pintura, a escultura se caracterizou por um calculado naturalismo que, mais do que as formas da realidade, procurou expressar a beleza ideal do divino. Para isso, teve de recorrer às técnicas da antiguidade clássica, ainda que sob as mesmas concepções adotadas depois pelos renascentistas. O fato é que se estava à procura de parâmetros para uma beleza ideal. As esculturas que inauguraram o ciclo são as da catedral de Chartres. De uma beleza tranqüila porém expressiva, logo se transformaram em modelo a ser seguido pelos demais escultores. A princípio, as estátuas eram alongadas e não possuíam qualquer movimento, com um acentuado predomínio da verticalidade, o que praticamente as fazia desaparecer. Eram estátuas-colunas.

As figuras vão adquirindo naturalidade e dinamismo, as formas se tornam arredondadas, a expressão do rosto se acentua e aparecem as aprimeiras cenas de diálogo nos portais. A separação em relação à arquitetura é então um fato: as esculturas começam a se destacar como obras independentes. As roupas ficam mais pesadas e se multiplicam as dobras, que já não são lineares e rígidas, mas sim onduladas, expressivas e mais naturais.

O programa das catedrais góticas, como outros ramos da arte desse período, se baseava principalmente nas histórias das Sagradas Escrituras. Depois, com o início do culto à Virgem e ao Cristo, era muito comum encontrar cenas de sua vida nos relevos dos tímpanos. Toda a iconografia cristã era representada dessa maneira na pedra, e junto com os vitrais e a arquitetura constituíam a expressão mais pura do misticismo medieval.

sábado, julho 29

Poe, por Baudelaire

(nota preliminar de pw: sabe-se da lucidez francesa em adotar Poe logo a primeira hora, e aqui trazemos um depoimento de Baudelaire sobre o assunto. mas devo lembra que a reciproca existiu, uma vez que um dos melhores personagens de Poe, o Dupin, era frances)

O HOMEM E A OBRA Charles Baudelaire É UM PRAZER bem grande e bem útil comparar os traços fisionômicos dum grande homem com suas obras. As biografias, as notas sobre os costumes, os hábitos, o físico dos artistas e dos escritores sempre suscitaram uma curiosidade bem legitima. Quem não procurou algumas vezes a acuidade do estilo e a nitidez das idéias de Erasmo, no recorte acentuado de seu perfil, o calor e o tumulto de suas obras na cabeça de Diderot e na de Mercier, onde um pouco de fanfarronada se mistura à bonomia; a ironia obstinada do sorriso persistente de Voltaire, sua careta de combate, o poder de comando e de profecia no olhar lançado para o horizonte, e a sólida figura de José de Maistre, águia e boi ao mesmo tempo? Quem não se deu ao engenhoso trabalho de decifrar a Comédia Humana na fronte e no rosto potentes e complicados de Balzac? Edgar Poe era de estatura um pouco abaixo da média, mas todo o seu corpo era solidamente constituído. Tinha pés e mãos pequenos. Antes de vir a ter sua compleição combalida, era capaz de maravilhosas proezas de força. Dir-se-ia que a Natureza, e creio que isso já foi muitas vezes observado, torna a vida bastante dura àqueles de quem deseja extrair grandes coisas. De aparência muitas vezes mesquinhas, são talhados como atletas, tão bons para o prazer como para o sofrimento. Balzac, assistindo aos ensaios de Recursos de Quinola, dirigindo-os e desempenhando ele próprio todos os papéis, corrigia provas de seus livros; ceava com os atores, e quando toda a gente fatigada ia dormir, entregava-se ele de novo vivamente ao trabalho. Todos sabem que enormes excessos de insônia e de sobriedade praticou ele. Edgar Poe, na mocidade, se distinguira bastante em todos os exercícios de destreza e de força; isto condizia um pouco com seu talento: cálculos e problemas. Um dia apostou que partiria dum dos cais de Richmond, que subiria a nado umas sete milhas o rio James e voltaria a pé no mesmo dia. E o fez. Era um dia ardente de verão. Nem por isso passou lá tão mal. Aspecto, gestos, marcha, posição da cabeça, tudo o assinalava, quando se achava ele nos seus bons dias, como um homem de alta distinção. Era marcado pela Natureza, como essas pessoas que, num grupo, no café, na rua, atraem o olhar do observador e o preocupam. Se jamais a palavra "estranho", de que tanto se abusou nas descrições modernas, se aplicou bem a alguma coisa, foi certamente ao gênero de beleza de Poe. Suas feições não eram vultosas, mas bastante regulares, a tez dum moreno-claro, a fisionomia triste e distraída, e se bem que não a apresentasse, nem o tom da cólera nem o da insolência tinham algo de penoso. Seus olhos, singularmente belos, à primeira vista pareciam dum cinzento sombrio; melhor examinados, porém, mostravam-se gelados por um leve tonalidade violeta indefinível. Quanto à fronte era majestosa não que lembrasse as proporções ridículas que os maus artistas inventam, quando, para lisonjear o gênio, transformam-no em hidrocéfalo, mas dir-se-ia que uma força interior desbordante impeli para diante os órgãos da perfeição e da construção. As partes que os craniologistas atribuem o sentido do pitoresco não estavam no entanto, ausentes, mas pareciam deslocadas, oprimidas, acotoveladas pela tirania soberba e usurpadora da comparação, da construção e da casualidade. Sobre essa fronte tronava também, num orgulho calmo, o sentido da idealidade e do belo absoluto, o senso estético por excelência. Malgrado todas essas qualidades, aquela cabeça não apresentava um conjunto agradável e harmonioso. Vista de lado, feria e dominava a atenção pela expressão dominadora inquisitorial da fronte, mas o perfil revelava certas deficiências havia uma imensa massa de crânio, adiante e atrás, e medíocre quantidade no meio; afinal uma enorme potência animal e intelectual, e uma falha no lugar da venerabilidade e das qualidades afetivas. Os ecos desesperados da melancolia, que atravessam as obras de Poe, têm um acento penetrante, é verdade, mas é preciso diz também que é uma melancolia bem solitária e pouco simpática para o comum dos homens. Tinha Poe os cabelos negros, semeados de alguns fios brancos grosso bigode eriçado, que ele esquecia de pôr em ordem e alisar devidamente. Trajava com bom-gosto, mas negligentemente, com um cavalheiro que tem bem outras coisas que fazer. Suas maneiras eram perfeitas, muito polidas e cheias de segurança. Mas sua conversação merece menção especial. A primeira vez que interroguei um americano a esse respeito, respondeu-me ele, rindo muito: "Oh! oh! ele tinha uma conversa que não era lá muito consecutiva!" Depois de algumas explicações, compreendi que Poe dava vastas pernadas no mundo das idéias, como um matemático que fizesse um demonstração diante de alunos já bem fortes em Matemática, que ele monologava muito. Na verdade, era uma conversa essencialmente nutritiva. Não era um beau parleur, e aliás sua palavra como seus escritos, tinha horror à convenção; mas um vasto sabe o conhecimento de várias línguas, sólidos estudos, idéias colhidas em vários países faziam dessa palavra um ensinamento incomparável . Enfim, era um homem para ser frequentado pelas pessoas que medem sua amizade pelo ganho espiritual que podem auferir duma convivência. Mas parece que Poe tenha sido pouco severo na escolha de seu auditório. Que seus auditores fossem capazes de compreender suas abstrações sutis, ou admirar as gloriosas concepções, que rasgavam continuamente com seus clarões o céu sombrio de seu cérebro, era coisa que não lhe causava preocupação. Vou procurar dar uma idéia do caráter geral que domina as obras de Edgar Poe. Poe se apresenta sob três aspectos: crítico, poeta e romancista; e mais, no romancista há um filósofo. Quando foi chamado para dirigir o Mensageiro Literário do Sul (Southern Literary Messenger), ficou estipulado que ganharia 2500 francos por ano. Em troca de tão medíocres honorários, deveria encarregar-se da leitura e escolha dos trechos destinados à composição do número do mês, e da redação da parte chamada editorial, isto é, da análise de todas as obras aparecidas e da apreciação de todos os fatos literários. Além disso, contribuiria muitas vezes com um conto ou uma poesia. Durante dois anos, pouco mais ou menos, exerceu essa tarefa. Graças à sua ativa direção e à originalidade de sua critica, o Mensageiro Literário atraiu dentro em pouco todas as atenções. Tenho, diante de mim, a coleção dos números desses dois anos. A parte editorial é considerável; os artigos são bastante longos. Muitas vezes, no mesmo número, encontra-se a resenha dum romance, dum livro de poesia, dum livro de medicina, de física ou de História. Todas são feitas com o maior cuidado, e denotam no autor um conhecimento das diversas literaturas e uma aptidão científica, que recordam os escritores franceses do século XVIII. Parece que durante seus precedentes tempos miseráveis, Edgar Poe havia posto o seu tempo a juros e agitado um ror de idéias. Há ali uma coleção notável de apreciações criticas dos principais autores ingleses e americanos, muitas vezes de memórias francesas. Donde partia uma idéia, qual era sua origem, seu objetivo, a que escola pertencia ela, qual era o método do autor, salutar ou perigoso, tudo isso era nitidamente, claramente, rapidamente explicado. Se Poe atraiu fortemente as atenções sobre si, arranjou também numerosos inimigos. Profundamente penetrado por suas convicções, fez guerra infatigável aos falsos raciocínios, às imitações bobas, aos barbarismos e a todos os delitos literários, que se cometem diariamente nos jornais e nos livros. Desse lado, nada havia a reprochar-lhe. Pregava com o exemplo. Seu estilo é puro, adequado às idéias, dando delas a expressão exata. Poe é sempre correto. Fato bastante assinalável é que um homem de imaginação tão erradia e tão ambiciosa seja ao mesmo tempo tão amoroso das regras, e capaz de análises estudiosas e de pacientes pesquisas. Dir-se-ia uma antítese feita carne. Sua glória de crítico prejudicou bastante sua fortuna literária. Muitos se quiseram vingar. Não houve censuras que não lhe lançassem mais tarde em rosto, à medida que sua obra se avolumava. Toda a gente conhece essa longa e banal ladainha: imoralidade, falta de ternura, ausência de conclusões, extravagância, literatura inútil. A critica francesa jamais perdoou a Balzac «o Grande homem provinciano em Paris ». Como poeta, Edgar Poe é um homem à parte. Representa quase sozinho o movimento romântico do outro lado do Oceano. É o primeiro americano que, propriamente falando, fez do seu estilo uma ferramenta. Sua poesia, profunda e gemente, é, não obstante, trabalhada, pura, correta e brilhante, como uma jóia de cristal. Edgar Poe amava os ritmos complicados, e, por mais complicados que fossem, neles encerrava uma harmonia profunda. Há um pequeno poema seu, intitulado "Os Sinos" , que é uma verdadeira curiosidade literária; traduzível, porém, não o é. "O Corvo" logrou vasto êxito. Segundo afirmam Longfellow e Emerson, é uma maravilha O assunto é quase nada, e é uma pura obra de arte. O tom é grave e quase sobrenatural, como os pensamentos da insônia; os versos caem um a um, como lágrimas monótonas. No "País dos Sonhos" , tentou descrever a sucessão dos sonhos e das imagens fantásticas que assaltam a alma quando o olho corpóreo está cerrado. Outros poemas como "Ulalume" e "Annabel Lee" gozam de igual celebridade. Mas a bagagem poética de Poe é diminuta. Sua poesia, condensada e laboriosa, custava-lhe, sem dúvida, muito esforço e ele necessitava muitas vezes de dinheiro, para que se pudesse entregar a essa dor voluptuosa e infrutífera. Como novelista e romancista, Edgar Poe é único no seu gênero, como Maturin, Balzac, Hoffmann, cada um no seu. Os variados trabalhos que espalhou em revistas foram reunidos em dois grupos, um, Contos do Grotesco e Arabesco, o outro Contos de Edgar A. Poe, edição Wiley & Putnam. Forma tudo um total de setenta e dois trabalhos mais ou menos. Há ali bufonadas violentas, puro grotesco, aspirações desenfreadas para o infinito e uma grande preocupação pelo magnetismo. Nele é atraente toda entrada em assunto, sem violência, como um turbilhão. Sua solenidade surpreende e mantém o espírito alerta. Sente-se, desde o princípio, que se trata de algo grave. E lentamente, pouco a pouco, se desenrola uma estória, cujo interesse inteiro repousa sobre um imperceptível desvio do intelecto, sobre uma hipótese audaciosa, sobre uma dosagem imprudente da Natureza no amálgama das faculdades. O leitor, tomado de vertigem, é constrangido a seguir o autor em suas arrebatadoras deduções. Nenhum homem jamais contou com maior magia as exceções da vida humana e da natureza; os ardores de curiosidade da convalescença; o morrer das estações sobrecarregadas de esplendores enervantes, os climas quentes, úmidos e brumosos, em que o vento do sul amolece e distende os nervos, como as cordas de um instrumento, em que os olhos se enchem de lágrimas, que não vêm do coração; a alucinação deixando, a princípio, lugar à dúvida, para em breve se tornar convencida e razoadora como um livro; o absurdo se instalando na inteligência e governando-a com uma lógica espantosa; a histeria usurpando o lugar da vontade, a contradição estabelecida entre os nervos e o espírito, e o homem descontrolado, a ponto de exprimir a dor por meio do riso. Analisa o que há de mais fugitivo, sopesa o imponderável e descreve, com essa maneira minuciosa e científica, cujos efeitos são terríveis, todo esse imaginário que flutua em torno do homem nervoso e o impele para a ruína. Geralmente Edgar Poe suprime as coisas acessórias, ou pelo menos não lhes dá senão um valor mínimo. Graças a esta sobriedade cruel, a idéia geratriz se torna mais visível e o assunto se recorta ardentemente, sobre esses segundos planos nus. Quanto a seu método de narração, é simples. Abusa do eu com uma cínica mononia. Dir-se-ia que está tão certo de interessar, que pouco se preocupa em variar seus meios. Seus contos são quase sempre narrativas ou manuscritos do personagem principal. Quanto ao ardor com que trabalha muitas vezes no que é horrível, observei em muitos homens que isso se deve a uma imensa energia vital sem exercícios, por vezes a uma castidade obstinada e também a uma profunda sensibilidade recalcada. A volúpia sobrenatural, que o homem pode experimentar em ver correr seu próprio sangue, os movimentos bruscos e inúteis, os grandes gritos lançados ao ar quase involuntariamente são fenômenos análogos. A dor é um alívio para a dor, a ação repousa do repouso. Nos contos de Poe jamais se encontra amor. Pelo menos, "Ligéia " e " Eleonora" não são propriamente falando, estórias de amor, sendo outra a idéia principal sobre a qual gira a obra. Talvez acreditasse ele que a prosa não é a linguagem à altura desse estranho e quase intraduzível sentimento; porque suas poesias, em compensação, estão fartamente saturadas de amor. A divina paixão nelas aparece magnífica constelada, e sempre velada por uma irremediável melancolia. Nos seus artigos, fala algumas vezes de amor como se uma coisa cujo nome faz a pena estremecer. No " Domínio de Arnheim " afirmará que as quatro condições elementais da felicidade são: a vida ao ar livre, o amor duma mulher, o desprendimento de qualquer ambição e a criação dum Belo novo. O que corrobora a idéia da Sra. Frances Osgood referente ao respeito cavalheiresco de Poe pelas mulheres é que, malgrado seu prodigioso talento para o grotesco e para o horrível, não há em toda a sua obra uma única passagem que se refira à lubricidade ou mesmo aos prazeres sensuais. Seus retratos de mulheres são, por assim dizer, aureolados; brilham em meio dum vapor sobrenatural e são pintados à maneira enfática dum adorador. - Quanto aos pequenos episódios romanescos, há motivo para espanto que uma criatura tão nervosa, cuja sede do Belo era talvez o traço principal, tenha por vezes, com ardor apaixonado, cultivado a galantaria esta flor vulcânica e almiscarada, para a qual o cérebro fervente dos poetas é terreno predileto? Em Edgar Poe não há choraminguices enervantes, mas por toda a parte incessantemente, o ardor infatigável pelo ideal. Como Balzac que morreu triste talvez triste por não ser um puro sábio, tem sanhas de ciência. Escreveu um Manual do Concologista. Tem, como os conquistadores e os filósofos, uma aspiração arrebatadora para a unidade; assimila as coisas morais às coisas físicas. Dir-se-ia que procura aplicar à literatura os processos da filosofia, e à filosofia o método da álgebra. Nessa incessante ascensão para o infinito, perde-se um pouco o fôlego. O ar fica rarefeito nessa literatura como num laboratório. Contempla-se aísem cessar a glorificação da vontade, aplicando-se à indução e à análise. Poe parece querer arrancar a palavra aos profetas e atribuir-se o monopólio da explicação racional. Assim, as paisagens que servem por vezes de fundo a suas ficções febris são pálidas como fantasmas. Poe , que não partilhava das paixões dos outros homens, desenha árvores e nuvens que se assemelham a sonhos de nuvens e de árvores, ou antes, que se assemelham a seus estranhos personagens, agitadas, como eles, por um calafrio sobrenatural e galvânico. Os personagens de Poe, ou melhor, o personagem de Poe, o homem de faculdades superagudas, o homem de nervos relaxados, o homem cuja vontade ardente e paciente lança um desafio às dificuldades, aquele cujo olhar está ajustado, com a rigidez duma espada, sobre objetos que crescem, à medida que ele os contempla - é o próprio Poe. - E suas mulheres, todas luminosas e doentes, morrendo de doenças estranhas e falando com uma voz que parece música, são ele ainda; ou pelo menos, por suas aspirações estranhas, por seu saber, por sua melancolia incurável, participam fortemente da natureza de seu criador. Quanto à sua mulher ideal, à sua Titânide, revela-se em diferentes retratos, esparsos nas suas poesias pouco numerosas, retratos, ou antes, maneiras de sentir a beleza, que o temperamento do autor aproxima e confunde numa unidade vaga mas sensível, e onde vive mais delicadamente talvez que em qualquer parte esse amor insaciável do Belo, que é seu grande titulo, isto é, a soma de seus títulos à afeição e ao respeito dos poetas. (ilustração de Gustave Doré para The Raven - Corvo)

NOTA
PRELIMINAR SOBRE POE E O CONTO POLICIAL Estórias de crimes e roubos misteriosos sempre foram do agrado popular desde a mais remota antigüidade. Entre os contadores populares de estórias nos mercados e praças públicas sempre havia um conto cujos heróis eram criminosos ou ladrões astutos e inteligentes, muito embora acabassem sendo descobertos. O famoso egiptólogo Maspero, no seu livro Contos Populares do Egito Antigo, apresenta um velho conto em que o tema é o roubo misterioso dos tesouros do Rei Rampsinitos e que pode ser admitido como o primeiro exemplar de conto policial. As Mil e Uma Noites estão cheias de estórias de ardis e crimes. Nos começos do século XIX, juntamente com o chamado romance noir, romance de mistérios, fantasmas, crimes e aventuras fantásticas, o romance em que se contam crimes e perseguições a criminosos constitui uma literatura copiosa e de qualidade inferior, digo logo. Godwin, na Inglaterra, e Balzac, na França, fornecem amostras desse gênero tão do gosto do grande público. É essa também a época dos chamados romances-folhetins, que os jornais publicavam seriadamente em seus rodapés e nos quais ocorriam as aventuras mais intrincadas e mirabolantes. Foi, porém, Edgar Poe quem deu dignidade intelectual a essas estórias de crimes e de mistérios, traçando-lhes as regras gerais e princípios que ainda vigoram e que poucas inovações receberam. De modo que os críticos concordam geralmente em apontá-lo como o verdadeiro criador do conto policial do romance cuja finalidade é a descoberta do autor de um crime envolto em mistério. Sua primeira obra no gênero foi o conto "Os Crimes da Rua Morgue", publicado pela primeira vez no Graham's Magazine, de abril de 1841. Nele surge o tipo que irá ser o pai de toda uma numerosa geração de policiais ou detetives nas literaturas de todo o mundo. Inspirado talvez no Zadig de Voltaire, que mostrara capacidade dedutiva na observação de rastros de animais, Poe imagina um homem de notável inteligência, de espírito agudo e cultivado, que se utiliza da teoria do cálculo das probabilidades de Laplace e da análise matemática para destrinçar casos misterioso e complicados. Até então o herói do romance folhetinesco era o próprio criminoso ou o policial (aliás ex-criminoso), como no caso Vidocq, de acordo com uma tendência popular que acha prazer quando vê a policia ser surrada por alguém do povo. Em Os Miseráveis, de Vítor Hugo, romance publicado em 1862, João Valjean o criminoso simpático e Javert é o policial odiento e cruel. Edgar Poe faz de seu detetive uma criatura simpática, e para que o leitor, não o rejeite não faz dele um polícia profissional, mas um simples amador que revela, aliás, um desdém profundo pela polícia oficial e seus métodos e processos. Esse francês, Dupin, a quem ele favorece com tantas qualidades intelectuais, culturais e sociais, será assim o protótipo do detetive amador e imitado por centenas de outros. Não é um homem comum: é culto, é um esteta, é um poeta, é cientista, é um matemático, é um intuitivo, antes de tirar conclusões dos fatos que tem à mão. Para melhor fazê-lo desenvolver seus raciocínios, dâ-lhe Poe um interlocutor de menores capacidades intelectuais, processo que mais tarde será utilizado por Conan Doyle, quando põe o seu Sherlock Holmes a dialogar com seu amigo, o médico Dr. Watson, e por outros autores de romances policiais como Hornung, Agatha Chrístie, etc. Deve-se também a Poe o que chamaremos a "receita" do romance policial, tal como vem sendo preparada até hoje: a inversão e baralhamento dos fatos, a investigação a partir do crime até encontrar o criminoso, a possibilidade de várias pistas e de vários criminosos, o destrinçamento de todas as complicações até a descoberta final do verdadeiro criminoso. O efeito teatral do suspense, tão comum aos romances policiais e levado ao cinema com tanta habilidade por Alfred Hitchcock, é também um dos ingredientes da "receita" de Poe. Após o êxito do seu primeiro conto policial, escreve, em 1842, "O Mistério de Maria Roget ", baseado num crime ocorrido nas vizinhanças de Nova York, mas que ele situa em Paris. Aqui também cabe ao detetive amador Dupin a descoberta do crime. Mais tarde, em 1845, publica o terceiro conto da série que tem Dupin como protagonista, intitulado "A Carta Furtada". Desta década são ainda " O Escaravelho de Ouro", em que a descoberta do tesouro enterrado deve se a um tal Legrand, tão ágil na arte de deduzir como Dupin, e o conto "Tu és o homem ", em que, muito embora não haja um detetive, cabe ao próprio narrador, mediante um ardil, levar o criminoso a confessar o seu crime, salvando um inocente contra o qual se acumulavam as mais irrefutáveis provas. O discípulo imediato de Poe na França foi Emile Gaboriau com o seu policial Lecoq, na Inglaterra foi Conan Doyle, criando o seu universalmente famoso Sherlock Holmes copiado claramente do Dupin de Poe. O gênero policial é hoje um dos mais florescentes em países como a Inglaterra, os Estados Unidos, a França, a Alemanha. Dupin está sempre vivo nos personagens que o imitam e o reencarnam no Sherlock de Conan Doyle, no Rouletabille de Gaston Leroux, no Raffles de Hornung, no Juve de Souvestre e Allain, no Nick Carter de Dey, no Nero Wolf de Rex Stout, no Lord Peter de Dorothy Sayers, no Philo Vance de Van Dine, no Charlie Chan de Biggers, no Mr. Motto de Marquand, no Hercule Poirot de Agatha Christie, no Wens de Steeman, no Bulldog-Drummond de Sapper, no Perry Mason de Gardner, no Nayland Smith de Sax Rohmer, no Padre Brown de Chesterton, no Maigret de Simenon e em centenas de outros que fervilham nos milhões de romances policiais que se publicam em todo o mundo. Pouco se tem acrescentado à sua receita de conto ou romance policial. Por isso, Léon e Frédéric Saisset puderam afirmar no livro Les Histoires Extraordinaires d'Edgar Poe, em que historiam o amplo êxito obtido por seus contos, que o romance policial de observação deriva de "Os Crimes da Rua Morgue"; o romance policial psicológico, de "A Carta Furtada" e o romance policial científico, de "O Mistério de Maria Roget" (Oscar Mendes)

europa medieval, séculos V a IX, panorama artístico


Arte Medieval ARTE BÁRBARA Depois da queda do império romano, mongóis, vândalos, alanos, francos, germânicos e suecos, entre outros povos conhecidos genericamente como bárbaros, avançaram definitivamente sobre a Europa. Estava em curso o século V. Esses grupos, essencialmente nômades, não demoraram a assimilar a cultura e a religião (cristianismo) dos povos conquistados, ao mesmo tempo em que lhes transmitiam seus próprios traços culturais, o que deu origem a uma arte completamente diferente, que assentaria as bases para a arte européia dos séculos VIII e IX. No estudo da escrita este periodo é que corresponde ao surgimentoi das "escritas nacionais", como a merovingea, por exemplo. O fato de não possuírem um hábitat fixo influenciou grandemente os costumes e expressões artísticas dos bárbaros. Era notável sua destreza naquelas disciplinas que permitiam a fabricação de objetos facilmente transportáveis, fossem eles de luxo ou utilitários. Assim, não é de admirar que tenham sobressaído na ourivesaria, na fundição e moldagem de metais, tanto para a fabricação de armas quanto de jóias, e nas técnicas de decoração correspondentes, como a tauxia ou damasquinagem, a esmaltação, a entalhadura e a filigrana. Todos esses povos tiveram uma origem comum na civilização celta, que desde o século V a.C. até a dominação romana se estabeleceu na Europa de norte a sul e de leste a oeste. Em suas crônicas, os romanos os descrevem como temíveis guerreiros e hábeis fundidores de metais. Uma vez dominados, uma boa parte da população foi assimilada pelo império e outra fugiu para o norte. Somente quando o império começou a ruir foi que conseguiram penetrar em suas fronteiras e estabelecer numerosos reinos, dos quais se originaram, em parte, as nacionalidades européias. A Europa entrou assim num dos períodos históricos mais obscuros, a meio caminho entre a religiosidade, agora em parte aceita, dos primeiros cristãos e a beligerância selvagem dos novos senhores. Mais tarde sofreria também o açoite dos vikings dinamarqueses vindos do norte, em perpétua luta contra os francos e os eslavos ocidentais. Por seu lado, a Igreja ia ganhando posições com a proliferação de mosteiros exatamente onde os mais temíveis exércitos não conseguiam vencer as batalhas: as ilhas britânicas e o leste da Europa. Escultura A escultura em pedra foi destinada à decoração de igrejas e batistérios, na forma de relevos planos, capitéis e sarcófagos, seguindo o estilo do império romano. A entalhadura do marfim não foi menos importante. Continuou-se com a tradição dos dípticos consulares de Bizâncio, cujas formas foram adotadas na confecção de capas de livros evangélicos e Bíblias. Sabe-se que as oficinas dos artesãos que trabalhavam com marfim eram numerosas tanto nas Gálias quanto na península itálica, devido à grande demanda de exemplares. A experiência de celtas e escitas como ourives inegavelmente estava ligada à sua experiência como entalhadores. As pedras com entalhes de runas e ídolos nórdicos entre os vikings, saxões e os próprios celtas mostram sua passagem pelos diferentes assentamentos e lugares conquistados. Na península ibérica, a fusão de culturas, como entre fenícios, celtas, visigodos e ibéricos, além de gregos e romanos, deixou importantes amostras de escultura, como os Touros de Guisando ou a Dama de Elche. A Visitação ARTE BIZANTINA A arte bizantina teve seu centro de difusão em Bizâncio, mais exatamente na cidade de Constantinopla, e se desenvolveu a partir do século IV como produto da confluência das culturas da Ásia Menor e da Síria, com elementos alexandrinos. As bases do império eram três: a política, a economia e a religião. Não é de estranhar, portanto, que a arte tivesse um papel preponderante tanto como difusor didático da fé quanto como meio de representação da grandeza do imperador, que governava, segundo o dogma, em nome de Deus. Para manter a unidade entre os diversos povos que conviviam em Bizâncio, Constantino oficializou o cristianismo, tendo o cuidado de enfatizar nele aspectos como rituais e imagens dos demais grupos religiosos. Isso explica o fato de ícones de Jesus e Maria provirem da Síria, Iraque e Egito, assim como se deu com a música e os cânticos. Também foram construídos centros de culto, igrejas e batistérios, com a adoção da forma das basílicas, da sala de audiência do rei (basileus), junto com o mercado das cidades gregas. O apogeu cultural de Bizâncio teve lugar sob o reinado de Justiniano (526-565 d.C.). Pertence a essa época um dos edifícios mais representativos da arquitetura bizantina: a Igreja de Santa Sofia. Ao período iconoclasta, em que foram destruídas e proibidas as imagens (726-843 d.C.), seguiu-se uma época de esplendor e ressurgimento cultural na qual a arte bizantina foi para o Ocidente, difundindo-se pelos países ou cidades que comercial ou politicamente continuavam em contato com Bizâncio: Aquisgran, Veneza e países eslavos, entre outros. Pintura: A pintura bizantina é representada por três tipos de elementos estritamente diferenciados em sua função e forma: os ícones, as miniaturas e os afrescos. Todos tiveram um caráter eminentemente religioso, e embora predominassem as formas decorativas preciosistas, não faltou a essa disciplina o misticismo profundo comum a toda a arte bizantina. Os ícones eram quadros portáteis originados da pintura de cavalete da arte grega, cujos motivos se restringiam à Virgem Maria, sozinha ou com o Menino Jesus, ou ao Retrato de Jesus. As miniaturas eram pinturas usadas nas ilustrações ou nas iluminuras dos livros e, como os ícones, tiveram seu apogeu a partir do século IX. Sua temática era limitada pelo texto do livro, geralmente de conteúdo religioso ou científico. Os afrescos tiveram sua época de maior esplendor em Bizâncio, quando, a partir do século XV, por problemas de custo, suplantaram o mosaico. A pintura ganhou assim em expressividade e naturalismo, acentuando sua função narrativa, mas renunciando a parte de seu simbolismo. Sozinho ou combinado com a pintura e com mais preponderância do que ela, pelo menos entre os séculos VI e VII, a técnica figurativa mais utilizada foi o mosaico. Suas origens remontam à Grécia, mas foi em Bizâncio que se usou o mosaico pela primeira vez para decorar paredes e abóbadas e não apenas pisos. No início, os motivos eram extraídos da vida cotidiana da corte, mas depois adotou-se toda a iconografia cristã, e o mosaico se transformou no elemento decorativo exclusivo de locais de culto (igrejas, batistérios). Tanto na pintura quanto nos mosaicos seguiram-se os mesmos cânones do desenho: espaços ideais em fundos dourados, figuras estilizadas ornadas com coroas de pedras preciosas para representar Cristo, Maria, os santos e os mártires e paisagens mais inclinadas para o abstrato, em que uma árvore simbolizava um bosque, uma pedra, uma montanha, uma onda, um rio. A Igreja se transformava, assim, no modelo terreno do paraíso prometido. O homem era o cânon, a medida e a imagem de Deus. Esses princípios básicos de representação eram estabelecidos formalmente: primeiro se procurava fazer o contorno da figura, depois as formas do corpo, as roupas e os acessórios e, finalmente, o rosto. A variedade representativa mais interessante se deu em torno da figura de Maria. Havia tipos de simbologia definidos. Por exemplo, com a mão direita no peito e o Menino Jesus na esquerda, era a Hodigitria (a condutora); acompanhada do monograma de Cristo era a Nikopeia (a vitoriosa) e amamentando o Menino Jesus, a Galaktotrophusa (a nutriz). Chresis Escultura: A escultura bizantina não se separou do modelo naturalista da Grécia, e ainda que a Igreja não estivesse muito de acordo com a representação estatuária, não obstante, essa foi a disciplina artística em que melhor se desenvolveu o culto à imagem do imperador. Também tiveram grande importância os relevos, nos quais os soberanos imortalizaram a história de suas vitórias. Das poucas peças conservadas se deduz que, apesar de seu aspecto clássico, a representação ideal superou a real, dando-se preferência à postura frontal, mais solene. Não menos importante foi a escultura em marfim. As peças mais correntes eram os chamados dípticos consulares, de uma qualidade e maestria incomparáveis, que, à guisa de comunicação, os funcionários enviavam aos demais altos dignitários para informar sua nomeação. Esse modelo mais tarde se adaptou ao culto religioso em forma de pequeno altar portátil. Quanto à ourivesaria, proliferaram os trabalhos em ouro e prata, com incrustações de pedras preciosas. Porém, poucos exemplares chegaram até nossos dias. (ilustração: escrita merovingea luxeuil, uma escroita "nacional")

AUGUSTINUS DE ANCONA, Summa de potestate ecclesiastica (2)

Bem, sobre o incunabulo do Gabinete Portugues de leitura do Recife, encontrei informações sobre a obra, mas não sobre o espécime lá depositado, em particular. A titulo de curiosidade um espécime deste incunábulo está sendo vendido/leiloado por 8.500,oo euros. O detalhe histórico relevante para minhas leituras poessoais é tratar o texto das contendas entre Ludovico da baviera e Marsilio de Padua, assuntos estes muito discutidos como plano de fundo para "O Nome da Rosa" (grifos em verde). Num blog futuro faremos um post sobre "La Vitte di Santi - tambem do Gabinete Portugues - que traz tambem a vida de santos (para nós obscuros) comentados em O Nome da Rosa. Vejam abaixo a descrição que temos do incunábulo em questão:

AUGUSTINUS DE ANCONA, Summa de potestate ecclesiastica (2)


"(Colophon al r. dell'ultimo f.:) ...impressa Venetiis arte et ingenio Ioannis Leoviler de Hallis impensis Octaviani Scoti, anno domini MCCCCLXXXVII, XIII Kal. octobris) Venezia, Johannes Leoviler de Hallis, per Octavianus Scotus, 19 Settembre 1487, in-4 (mm 211 x 153), ff. 316 nn ([*]8, primo bianco, a-z8, aa-oo8, pp12), legatura coeva in pelle di scrofa su assicele con fregi impressi a secco; dorso a tre nervi; traccia di fermaglio. Al piatto anteriore lettere a secco LCV. Testo in car. gotico, su due colonne di ll. 46. Gran numero di iniziali rubricate in rosso su tre linee, due iniziali silografiche ornate. L'opera stampata per la prima volta nel 1473, e riedita cinque volte nel corso del XV secolo, è indubbiamente il testo più noto di Agostino Triumphus d'Ancona (1243-1328 circa) e si riferisce alla lotta ingaggiata tra Giovanni XXII e Ludovico il Bavaro nella qualei intervennero alcuni dei teologi più autorevoli del tempo: in favore di Ludovico e contro l'assolutismo papale si schierò Marsilio da Padova con il suo Defensor Pacis (1324); rispose Agostino d'Ancona con la sua Summa, che dedicò allo stesso pontefice. Splendido esemplare, impresso su carta forte, a grandi margini (lievissimi difetti alla legatura).Super-chancery 4° (211 x 153mm). Gothic type, double column, 2 woodcut initials, initial spaces, initials in red, yellow edges. (Quire d misbound, index bound at front, wormtracks and evidence of chaining on last 2 leaves, neat marginal tear on two leaves, occasional light staining.) Contemporary German blindstamped pigskin over wooden bevelled boards, spine labels, evidence of chaining, (clasp missing, a few wormholes in spine, worn at extremities, small repair to back board). Provenance: Villingen, Franciscans (L C V - stamped on upper board, no.21 on spine) -- Donaueschingen, Court Library (sale Sotheby's 1st July, 1994, lot 39). HC 963; BMC V, 406; GW 3054; Goff A-1367.HC 963. BMC V, 406. GW 3054. Goff A-1367. IGI 1065. ISTC No. ia01367000"
* EUR 8,700.00,

*
bookseller: Libreria Antiquaria Pregliasco s.a.s. di Umberto Pregliasco & C. (ITALY)

sexta-feira, julho 28

BARLAEUS 2



mais uma palhinha das imagens obtidas no livro Historia Mauritti

980900 sou um artista (POESIA)

980900 sou um artista

sou um artista, não tente me enclausurar. não pude ser fiel nunca. so agora vou percebendo porque. não posso prometer coisas nem a mim mesmo, posto que estou sempre a pensar. todos os males vem da palavra - palavra é só a terminacao nervosa da ideia. as ideias é que são más. por isso, triste sina, pouco posso prometer, menos ainda cumprir.

são so palavras. nem fui eu que as inventei. uso-as sem pagar os direitos. não veio o manual. por isso e tao facil errar a intencao. inventemos novas palavras, pois algumas tem serios efeitos colaterais

freedom is slavery war is peace

o artista deve, um dia, optar pela tecnica pura. em outra area se possivel. vivencias

O Barroco

Barroco é o período que sucedeu o Renascimento, do final do século XVI ao final do século XVII, estendendo-se a todas as manifestações culturais e artísticas européias e latinoamericanas. O barroco foi anunciado pelo maneirismo e se extinguiu no rococó, um barroco exagerado e exuberante, considerado por muitos críticos a decadência do movimento. Sob o ponto de vista estético, o barroco revela a busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, vinculado com a idéia de que se nada é estável tudo deve ser decifrado; a tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística. A literatura barroca se caracteriza pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero de hipérboles, metáforas, anacolutos e antíteses

O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partindo das artes plásticas, teve seu apogeu literário no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII. Devido a razões essencialmente didáticas, costuma-se delimitar este movimento, no Brasil, entre 1601 e 1768: · 1601: publicação de Prosopopéia, de Bento Teixeira pinto; 1768: publicação das Obras poética, de Cáudio Manuel da Costa, que assinala o início do Arcadismo no Brasil. (ao lado, capitular barroca)

A Reforma Da Idade Média até o Renascimento, a igreja exerceu destacada ação política, social e econômica. Isto fez com que alguns dos seus elementos – ou que nela se infiltraram não por motivos puramente religiosos, mas pelo desejo de participar do status alcançado através da atuação clerical – vivessem como senhores nobres ou como pecadores contumazes, contrariando os ideais de humildade e simplicidade de doutrina cristã. Esta situação propiciou uma cisão no seio da Igreja, concretizada pela Reforma Protestante de Martinho Lutero, iniciada em 1517, seguida da adesão de João Calvino, em 1532. Os reformadores, Lutero na Alemanha e Calvino na França, reivindicaram a reaproximação da igreja do espírito cristianismo primitivo. Calvino difunde a idéia de que todos os fiéis podem ter acesso ao sacerdócio, inclusive as mulheres. Abole a hierarquia e institui os pastores como ministros das igrejas, aos quais é permitido o casamento. Calvino prega a teoria da predestinação, afirmando que Deus concede a salvação a poucos eleitos e que o homem deve buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada, identificando a ética protestante com incipiente capitalismo e tornando-a atraente. Coisa que segundo alguns historiadores facilitou nas mentalidades o crescimento, afinal realizado, das nações européias, livres das amarras católicas. Max Weber, séculos depois, teorizou em cima disto e criou uma nova disciplina, a Sociologia. (ao lado, Martinho Lutero, a personificação da Reforma)

A Contra Reforma

Com o objetivo de eliminar os abusos que haviam afastado tantos fiéis e permitindo o êxito dos reformistas em alguns países, a Igreja organizou a Contra Reforma. Para tanto, foi convocado o Concílio de Trento (1545-1563), que deveria objetivar o estabelecimento da disciplina do clero e a reafirmação dos dogmas e crenças católicos. A partir do Concílio de Trento, cria-se a Congregação do Índex, para censurar livros contrários à doutrina católica (Index Librorum Prohibitorum), e a Inquisição é reorganizada para o julgamento de cristãos, hereges e de judeus acusados de não seguirem a doutrina da igreja, estabelecendo-se a tortura e a pena de morte. A tentativa de conciliar o espiritualismo medieval e o humanismo renascentista resultou numa tensão entre forças opostas:o teocentrismo e o antropocentrismo. A procura da conciliação ou do equilíbrio entre ambas equivale à procura de uma síntese que, em resumo, é o próprio estilo Barroco.

Principais autores, principais obras

Gregório de Mattos

Com exceção de Gregório de Mattos, nenhum outro escritor se destacou no Barroco brasileiro. O padre Antônio Vieira, embora tenha escrito boa parte de sua obra no Brasil, pertence mais à literatura portuguesa do que à nossa. Refletindo o dualismo barroco, ora demonstrava a versão que sentia pelo clero, ora relevava em seus poemas uma profunda devoção ás coisas sagradas, ora escrevia versos pornográficos e sensuais. Cursou leis em Coimbra, época de suas leituras de Gôngora e Quevedo, poetas espanhóis dos quais revela nítidas influências, além de Camões. Graças à linguagem maliciosa e ferina com que criticava pessoas e instituições da época (não dispensando palavras de baixo calão), recebeu o apelido de B oca do Inferno,tendo de exilar- se por algum tempo em Angola, perseguido pelo filho do governador Antônio da Câmara Coutinho (vítima de suas sátiras

Padre Antônio Vieira

Foi o maior pregador do seu tempo, defensor dos negros e dos índios – sobretudo dos índios – e dos cristãos-novos (judeus convertidos). A defesa dos cristãos-novos e sua fidelidade ao rei d.João IV valeram-lhe o ódio da Iquisição. Após a morte do seu protetor, d.João IV, a Inquisição processou-o por opiniões heréticas. Durante algum tempo foi imposto a ele o internamento em uma casa jesuítica e o impedimento de pregar. Anistiado por d.Pedro, regressou ao Brasil em 1681.

Sua obra compreende as Obras de profecia: Histórias do futuro; Esperanças de Portugal, os Sermões, entre os quais se destacam: Sermão da sexagésima (sobre a arte de pregar); Sermão pelo Bom sucesso das armas (por ocasião da invasão holandesa, em 1640); Sermão de Santo Antônio( ou Sermão dos peixes, em defesa do índio escravisado. O Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa (Portugal) em 1608 e morreu em Salvador (Bahia) em 1697.

O Período Barroco foi marcado pela força da Igreja exercendo um poder político, social e econômico tornando os elementos da sociedade enfraquecidos, estendeu-se a todas as manifestações culturais e artísticas européias e latino-americanas. O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partindo as artes plásticas, teve seu apogeu literário no século XVII, prolongando-se ate meados do século XVIII. Devido a razoes essencialmente didáticas, costuma se delimitar este movimento, no Brasil, entre 1601 e 1768.



quinta-feira, julho 27

trilha sonora para tipografia 4

trilha sonora para tipografia: não parece a primeira vista, mas escutar I'll Wait, do Van Halen, é autentica trilha sonora para tipografia. tente voce

APPENTEGGER, LOPE (dicionario de tipografos)

Impressor de nacionalidade alemã que trabalhou em Saragoça entre 1499 e 1502. Era sobrinho de Hans e Paulo Hurus por ser filho de Anna, irmã daqueles. Terá sido oficial impressor na oficina de Paulo. Appentegger terá actuado como representante da empresa de Paulo Hurus. Em conjunto com Hutz e Coci imprimiu, entre outras obras, o Breviariu, Hieronymitanim, em 1499, Crmen paschale de Sedulio, em 1500, Constitutiones Archipiscopatus Caesaraugustani e Horae Officia quotidiana, também no ano de 1500. Foi também livreiro emercador de livros. Faleceu em Constância em 1526.

De Eclesiastica Potestate ab Augustin de Ancona


Em nossa ultima visita ao Gabinete Portugues de Leitura do Recife fomos agraciados com a descoberta, realizada por outro pesquisador, o Sr José Gomes, cuja pesquisa é de origem genealógica, de um aparentemente legitimo incunábulo (1479): De Eclesiastica Potestate ab Augustin de Ancona. foto acima

A obra, com todas as caracteristicas de legitimo incunabulo - papel de trapo, paginas não numeradas, ausencia de folha de rosto, escrita em latim, diagramação em duas colunas, tipos góticos, espaços para a colocação das capitulares iluminadas (que neste caso não chegaram a ser desenhadas, coisa que acontecia muitas vezes com estes livros) é descrita por um bibliotecário (séculos depois) em suas paginas, como a segunda edição, sendo a primeira de 1473.

A questão das capitulares é caso a parte e será descrita em oportuno post. Aliás
faremos muitos posts sobre este assunto a medida que nossa pesquisa avançar. Vale ressaltar aqui que a propria biblioteca aparentemente não sabia da existencia da obra, uma vez que em seu catalogo de obras raras as mais antigas datam de 1647 (a Mauritti Historia, que tambem estamos pesquisando). No entanto, graças a colaboração da bibliotecária Denise estamos identificando obras anteriores a 1647, como uma outra, por exemplo, de 1619. Mas este incunabulo supera nossas expectativas, ainda que do ponto de vista tipográfico não seja relevante para a pesquisa tipográfica. No detalhe ao lado, vemos anotações em italiano, feitas séculos depois, por um bibliotecário, ou livreiro, ou até mesmo, um particular, não sabemos. Relevante observar que há um segunda caligrafia no livro (veja foto superior) em maiusculas romanas, de alguem que pretendia completar as capitulares que não foram realizadas pelo artista da tipografia quando da feitura original. Estas capitulares romanas são nitidamente uma variante da escrita copperplate, o que coloca este esforço num periodo posterior ao século XVII, provavelmente entre os séculos XVIII e XIX.

Minhas primeiras pesquisas sobre mais informações na Internet sobre este livro engatinham e ficaria grato se alguem pudesse me dar mais informações sobre a obra. De resto, acredito ser importante a verificação por um expert desta obra,in loco, para a adequada catalogação da mesma no acervo do Gabinete Portugues.

Aproveitando, lamento aqui informar que até o momento não encontramos a Paleografia Espanola, provavelmente de Ibarra, que muito nos interessa, que pertenceria (catalogada!!!) ao acervo da instituição.

Volitiva em Starlets (MyFonts)


É com orgulho que anunciamos a inclusão de mais uma fonte da Intellecta na lista de Starlets de MyFonts.Com: VOLITIVA, com seus onze elaborados estilos encontra-se atualmente na lista de Starlets, de MyFonts, entre as 50 mais vendidas de uma biliblioteca de 49.000 fontes.

Album da Colonia Portuguesa


A Intellecta encontrou junto ao Gabinete Portugues de Leitura do Recife o "Album da Colonia Portuguesa", uma edição das primeiras décadas do século passado, impressa no Brasil, e que as primeiras leituras indicam tratar-se de um periódico que comentava a vida social dos Portugueses (do embaixador aos comerciantes e pessoas da sociedade de então) em terras brasileiras.

Para o desenvolvimento de novas fontes embasadas é material primoroso, que
mescla diversos estilos art-déco, art nouveau, capitulares góticas e romanas, fleurons, bordas, enfim, uma profusão de adornos muito comuns à época neste tipo de publicação. Não há esmero tipográfico nem rigor técnio há, de fato, pouco uso de tipos móveis padrão), o jornal parece ter sido diagramado e leterado por artistas locais (portugueses ou não) que desenhavam as letras (letristas). Mais informação serão publicadas a medida que a pesquisa se desenvolver. Agradecemos informações de quem conheça este periodico para este post.

terça-feira, julho 25

ANVERS, LOURENÇO de (dicionario de tipografos)

Tipógrafo flamengo que imprimiu em Lisboa de 1641 a 1647. Exerceu vários cargos públicos depois de ter renunciado à profissão de impressor. Imprimiu a Gazeta em que se relatam as "Novas todas que nesta corte..." de Novembro de 1641, considerado o primeiro periódico português. Esta publicação saiu quase todos os meses, de 1641 a 1647. Lourenço de Anvers obteve privilégio para imprimir o Baptisterio, A Semana de Villa Lobos, e o Flos Sanctorum de frei Diogo do Rosário.

para saber mais do panorama tipografico Amsterdam-Portugal-Recife do período leia este posts:

Bibliotecas Digitais: Jose Antonio Gonçalves de Mello...
João Blavio (dicionario de tipógrafos)
Brasilia I Mauritti Historia

bibliotecas digitais: José Antônio Gonçalves de Mello, fontes para pesquisa sobre o Recife

(para a minha serie de posts sobre bibliotecas digitais)

Existe uma excelente fonte de originais e documentos fora é claro conteudo diverso sobre estudos pernabucanos e recifenses. Trata-se da BIBLIOTECA VIRTUAL José Antônio Gonçalves de Mello, e de sua matriz o acervo da biblioteca particular de
José Antônio Gonçalves de Mello. pela informação que possuo, os livros estão atualmente agregados a Biblioteca da Fundação Brennand, que não digitalizou, pelo que entendi, os documentos propriamente ditos. Porém, a Fundação Giberto Freyre tem um acervo ao que parece em pdf do ensaios e escritos do brilhante homem de estudos, de onde retirei, meses atrás, o texto que segue.

Não apenas para os estudos sobre o Nordeste, Pernambuco e Recife, mas para minha pesquisa sobre escritas e tipografias irei consultar seu acervo. Fica aqui a velha ressalva de que AS COISAS NO BRASIL NÃO FUNCIONAM. Pois a ilustre biblioteca é mais uma na lista das dezenas de instituições nacionais as quais enderecei e-mail solicitando informações (não sou jogador de futebol, com o devido respeito, sou pesquisador) e até hoje não se dignaram a responder.

Segue o texto, que entre outras coisas é relevante para minha pesquisa sobre os livros de Barlaeus e Franciscus Plante que ora a Intellecta está produzindo:


"MISSÃO NOS ARQUIVOS – I
Primeiro relatório apresentado ao Magnífico Reitor da Universidade do Recife,
prof.Joaquim Amazonas.

Apresento a Vossa Magnificência o meu primeiro relatório trimestral da missão de que tive a honra de ser encarregado pela Universidade do Recife. Essa incumbência desdobra-se em duas partes: a primeira, de ensino da história do Brasil no Instituto Espanhol, Português e Ibero-Americano da Universidade de Utrecht; a segunda, de pesquisa de documentação histórica respeitante ao Nordeste Brasileiro em geral e a Pernambuco em particular, nos arquivos da Holanda, Espanha, França e Inglaterra, dentro do mesmo critério da missão anterior, nos arquivos de Portugal, em 1951-52. Da minha participação como representante dessa Universidade no III Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros realizado em Lisboa em setembro de 1957, já apresentei relatório a Vossa Magnificência. No dia 27 de setembro do ano passado viajei para a Holanda e fixei residência na Haia, por ser a sede dos principais arquivos do país. No dia 2 de outubro iniciei as aulas na Universidade de Utrecht, como professor designado pela Universidade do Recife, devendo em breve receber do ministério do Reino para a Educação, Artes e Ciências o título de "privaat_docent" da Universidade de Utrecht (que é uma das três universidades do Estado), após o que deverei pronunciar uma aula em francês perante a Congregação das diversas unidades universitárias. De acordo com o prof. Dr. C.F.A. van Dam, Diretor daquele Instituto, onde é ministrado o ensino universitário das línguas e da História de Portugal, da Espanha e das Américas Portuguesa e Espanhola, as minhas aulas foram fixadas em duas por semana, às segundas e terças-feiras, à tarde, seguidas de seminário. Tenho ministrado com toda regularidade o curso de História do Brasil e prestado outros serviços à Universidade. Ficam-me livres as manhãs das segundas e terças-feiras e o dia todo das quartas-feiras aos sábados (pois não há 'semana inglesa' na Holanda) para a pesquisa histórica. Iniciei-a pelo principal arquivo, onde estão depositados os documentos da Companhia das Índias Ocidentais (Companhia Velha), a saber, o Arquivo Geral do Reino, "Algemeen Rijksarchief". O expediente de trabalho aí é largo, das 9¹/² às 17¹/² da tarde, o qual é por mim aproveitado quase de todo, com uma rápida interrupção para o frugal almoço holandês. O Arquivo Geral do Reino, situado em Bleyenburg, 7, na Haia, dirigido pelo Dr. H. Hardenberg, é um excelente lugar de trabalho. Foi nesse arquivo que José Higino Duarte Pereira trabalhou longamente em 1885-86. A minha pesquisa tem sido realizada nos mesmos papéis examinados há mais de 70 anos por esse ilustre Professor da Faculdade de Direito do Reme. Nem por isso tem sido infrutífera, antes tem se revelado rica de resultados. Com o exame direto dos documentos originais - da grande maioria dos quais já conhecia as cópias feitas na Holanda por iniciativa daquele notável pernambucano, hoje zelosamente guardadas no Instituto Arqueológico desse Estado - pude compreender melhor o problema de José Higino e a feliz solução que ele lhe deu. Dispondo de pouco mais de oito contos de réis (convertidos em 714 libras esterlinas) tinha que fazer copiar em manuscrito - pois, ainda não se usavam então os meios mecânicos de fotocópias - uma enorme e valiosíssima coleção de documentos que deve constar de, aproximadamente, cinqüenta mil folhas. Devia, pois, aplicar rigorosos princípios de seleção, abandonando todos os papéis que estavam anexados aos documentos principais. Assim, imensa quantidade dos 'apensos' que eram enviados com as cartas oficiais, pelo governo holandês do Recife à direção da Companhia das Índias Ocidentais, encontrava-se até hoje no Arquivo Geral do Reino por aproveitar. É muito menor a quantidade de cartas de importância que ele deixou de copiar. Tive o cuidado de, antes de minha partida do Recife, fazer uma relação completa, que trouxe comigo, de todos os documentos copiados por José Higino e hoje guardados no Instituto Arqueológico, visando a evitar duplicatas de cópias e, conseqüentemente, despesa supérflua. Pude verificar deste modo a extraordinária acuidade daquele pernambucano ilustre na seleção dos manuscritos a copiar. Isto com relação à coleção chamada "Cartas e papéis do Brasil", que abrange os anos de 1630 a 1655 e se conserva em dezenove grandes maços ("Companhia Velha" nºs 49 a 67). Com relação às "Nótulas diárias do Governo do Brasil", isto é, as atas dos conselhos governativos do Brasil holandês, devo declarar que me surpreendeu o trabalho realizado por José Higino. Tenho recorrido freqüentemente nos meus estudos a essa coleção, da qual existem cópias no Instituto Arqueológico; e tão vasta é ela, encadernada em doze volumes, que a considerava cópia integral dos originais conservados na Holanda. Entretanto ainda aqui José Higino fizera um trabalho notável de seleção, de tal forma conduzido que não há, praticamente, aspecto histórico do período da ocupação holandesa do Nordeste brasileiro que aí não encontre elementos substanciosos de informação. Apesar de tão rica de indicações, de tão variado interesse, a coleção das "Nótulas" que se guarda no Instituto Arqueológico é apenas uma seleção - seleção muito inteligente e compreensiva - do que se guarda no Arquivo Geral do Reino em Haia. Esse fato obrigou-me a percorrer na sua totalidade a coleção da "Nótulas" e proceder a uma segunda seleção de material, que considero muito importante pelos elementos agora recolhidos, particularmente no que se refere ao extraordinário surto de urbanização do Recife no período de 1637-45. A coleção das "Nótulas Diárias do Governo do Brasil" que abrange os anos de 1635 a 1654, conserva-se em nove maços ("Companhia Velha" nºs 68 a 76). Falta-me concluir o exame dos demais documentos da Companhia das Índias Ocidentais e prosseguir com o dos Estados Gerais das Províncias Unidas, onde há também muita notícia de interesse para o Brasil. Em seguida passarei a trabalhar no "Arquivo da Casa Real", em parte examinado por José Higino. Na primavera pretendo fixar-me em Amsterdam para investigar outros arquivos, estes ainda não visitados por pesquisador brasileiro. Refiro-me ao "Arquivo Municipal", onde se guardam os preciosos documentos notariais, o "Arquivo da Igreja Reformada" e o do Seminário Português-Israelita Ets-Haim. Ao mesmo tempo que estou a trabalhar no "Arquivo Geral do Reino" tenho visitado museus e coleções particulares de iconografia holandesa, à cata de material de interesse brasileiro. Neste particular devo salientar a colaboração preciosa do Exmº Sr. Joaquim de Souza Leão, Embaixador do Brasil neste país. Não podia ser mais feliz a oportunidade desta missão de estudos da Universidade do Recife pela coincidência de encontrar-se na Haia um pernambucano e um erudito conhecedor da história e da arte brasileira nas suas relações com a européia, como é o Embaixador Souza Leão. Em sua companhia pude percorrer não só os grandes museus da Holanda, onde se guarda vasta iconografia de interesse histórico, como coleções particulares, em geral inacessíveis ao público, como a Coleção Engelbrecht e a Fundação Atlas van Stolk, ambas de Rotterdam. Esta última é particularmente interessante e compreende mais de trinta mil estampas e é o resultado do esforço de quatro gerações de colecionadores. Algumas das peças que lá se encontram são exemplares únicos, como é o caso, entre outros, de um retrato eqüestre do Conde João Maurício de Nassau. Obtive algumas fotografias das mais raras para torná-las conhecidas em Pernambuco. Nos relatórios que, acerca das pesquisas em Portugal, tive ocasião de dirigir a Vossa Magnificência em 1952, procurei salientar de forma breve o que a documentação examinada oferecia de novo ao conhecimento do período em estudo. Farei o mesmo com relação às pesquisas que estou a realizar na Holanda.

Urbanização do Recife: os recentes estudos do Engenheiro Blok demonstram. A impossibilidade de ter estado no Recife o arquiteto Pieter Post, a quem se atribui o traçado urbano da Cidade Maurícia¹. Embora não haja ainda elementos suficientes para uma solução segura do problema, há entretanto boa evidência de que o Engenheiro Frederik Pistor é o responsável por várias e importantes obras de urbanização que foram levadas a efeito na capital de Pernambuco, sobretudo durante o governo do Conde de Nassau. Ao seu nome deve ser ligado o do mestre-de-obras ("Fabrikmeester") Michiel Pietersen Schilder, que executou ou dirigiu diversas obras públicas, como é o caso da pavimentação das principais ruas do bairro do Recife. Essa pavimentação foi feita à maneira holandesa, com tijolos, como ainda hoje se usa em ruas e estradas da Holanda. Alguns documentos, agora copiados, indicam que daqui foram levados para Pernambuco, como lastro dos navios, no período de janeiro de 1641 a julho de 1643 nada menos de 1.154.550 tijolos, além dos muitos que eram produzidos in loco, pois a indústria da cerâmica foi uma das mais prósperas do Recife de então, como se verifica das muitas concessões do governo holandês para instalação de olarias à margem do rio Capibaribe. Entre os papéis copiados por mim consta um muito esclarecedor, no qual o mestre-de-obra Schilder dá as dimensões de algumas ruas do Recife e indica a quantidade de tijolos despendidos na sua pavimentação. Assim, no Largo do Corpo Santo, chamado à holandesa de "Plein", empregaram-se 160.000 tijolos; na Rua da Balsa (ou Rua da Cadeia do Recife) 224.000; na Rua do Mar 188.000 etc... População israelita do Brasil holandês: evidencia-se dos manuscritos examinados que já em 1637 - ano em que se consolida o domínio holandês do Nordeste, com as vitórias do Conde de Nassau - era grande e economicamente poderosa a população judaica do Recife. Alguns dos nomes mais em evidência dessa população, já então aí estavam fixados, com intensa atividade comercial. Boas fontes a respeito encontram-se nas listas de compradores de escravos e nas relações dos que embarcavam mercadorias com destino à Holanda; nem aquelas nem estas foram copiadas por José Higino, mas foram agora integralmente aproveitadas. As faturas da carga dos navios são suficientes para estabelecer relações entre os grupos de comerciantes de Pernambuco e da Holanda, quer israelitas, quer cristãos, pois nelas estão indicados pelo nome os que carregavam mercadorias no Brasil e os que as deviam receber na Holanda. Essas fontes poderão ser aproveitadas para um estudo, que ainda não foi realizado, acerca dos grandes interesses holandeses ligados ao comércio de gêneros coloniais do Brasil. Por outro lado, as listas de compradores de escravos revelam não só a especulação que dominou o mercado de mão-de-obra africana, como a flutuação do preço do escravo, a refletir as fases da economia pernambucana no período de 1636 a 1645. Em todos esses aspectos a participação da população israelita é muito importante e essas fontes oferecem novos elementos aos estudos que têm sido feitos por Violet Barbour e Hermann Kellenbenz. Livros holandeses no Recife: duas listas de livros existentes em depósito nos armazéns da Companhia das Índias Ocidentais no Recife de 1643 a 1645, indicam o propósito dos conquistadores no sentido não só da divulgação da doutrina calvinista, como no de dotar a escola pública do Recife dos manuais indispensáveis ao ensino. Há ainda livros propriamente literários. Em 1643 havia 4057 catecismos em língua espanhola, reduzidos a 2200 em 1645; de um livro de religião, de perguntas e respostas, existiam naquele ano 3040 e neste 2951 etc. De livros de texto para o ensino, constam gramáticas gregas e latinas, livrinhos para caligrafias e de ABC. Literários, há as Fábulas de Esopo, os "Colloquia" de Ludovico, a História do Príncipe Maurício, a Tomada de Wesel, as "Flores Poetarum" e as poesias de Barleus, o futuro historiador do governo do Conde de Nassau. Aquele livrinho de perguntas e respostas de que se guardavam no Recife 3040 exemplares em 1643, talvez seja o que foi impresso em Enkhuisen em 1641 ou 1642, destinado ao ensino religioso dos indígenas brasileiros, do qual não se encontrou até hoje um só exemplar na Holanda. Elementos biográficos: muitas informações importantes e inéditas para a série de biografias dos Restauradores de Pernambuco, empreendida pela Universidade do Recife, foram recolhidas. Entre elas várias indicações acerca da atividade comercial de João Fernandes Vieira, sobre a qual muito pouco se sabia; dele levo ainda cinco cartas autógrafas todas inéditas. Há ainda algumas cartas escritas em holandês e assinadas por André Vidal de Negreiros, também em originais; uma nota do governo flamengo no Recife esclarece que a letra das cartas era de Hoogstraten. Microfilmadas foram ainda as cartas tupis de D. Antônio Filipe Camarão e de alguns subordinados seus, visando a torná-las conhecidas dos estudiosos, na forma mais segura para a sua leitura e interpretação. Outras foram igualmente recolhidas por estarem assinadas pelo autor da Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil, pelas quais se vê que seu nome era Nyhov e não Nieuhof. Estudos de paleografia: textos variados da letra gótica holandesa do século XVII foram compilados, com o propósito de ensino universitário, para leitura dos manuscritos agora microfilmados. Parece-me que a Universidade do Recife deve divulgar o ensino da língua holandesa entre os estudantes de história da Faculdade de Filosofia, de onde devem sair os futuros historiadores do Nordeste, de modo a manter vivo o exemplo que nos legou o ilustre Professor da Faculdade de Direito José Higino Duarte Pereira. O conhecimento do holandês deve constituir uma especialização pernambucana na formação universitária de história dessa Universidade. Com esse fim é que foram reunidos textos paleográficos seiscentistas. Ao concluir renovo a Vossa Magnificência as expressões de meu profundo respeito.

Fonte: MELLO, José Antonio Gonçalves de. Diário de Pernambuco. Recife, 4 e 11 mai., 1958."
_______________
¹Gerard A.C. Blok, Pieter Post 1608-1669, der Baumeister der Prinzen von Oranien und des Fürsten Johann Moritz von Nassau-Siegen (Siegen, 1937). Entretanto há uma evidência (a única!) de que Pieter Post esteve em Pemambuco: uma lista de venda de escravos em 5 de maio de 1639 no Recife relaciona "Heer Pieter Janssen Post tot sijn dienst" a comprar dois escravos para seu serviço: Alg. Rijksarchief (Haia), Companhia das Índias Ocidentais, maço 54.

ANTUNES, THOMAZ QUINTINO (dicionario de tipografos)

Tipógrafo português que foi chefe da oficina da Gazeta dos Tribunais e mais tarde proprietário da Tipografia Universal, uma grande casa gráfica onde se imprimia o Diário de Notícias, lançado por Eduardo Coelho. Os dois eram os proprietários do grande matutino da capital que surgiu em 29 de Dezembro de 1864. Quintino Antunes conheceu grande ascensão social tendo ostentado o título de Conde de S. Marçal.

existem outros idiomas...


existem outros idiomas...

cornico
lingua da Cornualha, na Inglaterra

palavi
lingua dos persas, na Idade Media

lingua georgiana
citada em O Nome da Rrosa

grego atico
o dialeto falado em Atenas. Doroteus de Ascalon escreveu um dicionario deste dialeto


tshiluba (idiomas como esse deviam ser riscados da face da terra):
"Ilunga"
pessoa disposta a perdoar qualquer maltrato pela primeira vez, a tolerar pela segunda vez, mas nunca

pela terceira vez

polones
"radioukacz"
pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistencia apo dminioo

sovieitico nos paises da antiga cortina de ferro

"cyrk"
circo, em polones

japones
"naa"
palavra usada apenas em uma regiao do pais para enfatizar declaracoes ou concordar com alguém
"tempura"
originado do tempero portugues
"arigato"
originado de obrigado, portugues. os portugueses influenciaram na criação de muito stermosda lingua japonesa atraves do comercio a epoca das caravelas. Nagasaki, por exemplo, era um porto portugues. e, ao contrário das relações com outros paises europeus, havia bom convivio entre portugueses e japoneses.


arabe
"altahman"
tristeza profunda

farsi
o mesmo que persa, trata-se da maneira arabe de dizer persa, pois em arabe, não há o fonema `p`

holandes
"gezellig"
aconchegante

alemao. alemaes tem uma expressao engracada para designar excesso de heterogeneidade: von jeden dorf ein hund, de cada aldeia um cachorro

tamil
lingua falada no sul da india
"selathirupavar"
palavra usada para definir um certo tipo de ausencia não autorizada em relacao a deveres

albanes
"klloshar"
perdedor, algo assim como "loser". não parece parecido?

grego
A Igreja Catolica Apostolica Romana teve uma lingua oficial, ela sempre foi o latim – mas este termo especifico tem sua raiz em outro idioma. "a palavra ‘catolico‘ vem do grego kata (junto) e holos (todo), isto é: universal, que abrange tudo e reune a todos", diz o antropologo e especialista em Historia das Religioes Benedito Miguel Angelo Perrini Gil, da faculdade de Ciencias e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP). "a Igreja Universal do Reino de Deus poderia muito bem se chama ‘Igreja Catolica do Reino de Deus’". A palavra foi aplicada pela primeira vez à Igreja de Roma no século II por Inacio de Antioquia, um de seus fundadores. "Mas ela só passa a ser adotada oficialmente como um dos atributos essenciais da instituicao a partir do Concilio de Constantinopla, no ano 381, afirma o teologo Faustino Teixeira, do Departamento de Ciencia da Religiao, do Instituto de Ciencia Humanas e letras, da Universidade Federal de Juiz de Fora.¨ (levar para hierologia, mas isto é outro post)

Sim, existem outros idiomas. Nem todas as linguas são latinas. Nem todos os idiomas tem origem hindo-européia. A questão é que quanto mais se aprende mais se quer aprender. Um dos males de trabalhar com tipografia (pesquisa de) é que as questões linguisticas começam a incomodar cada vez mais a mente ativa. Se alguem ai puder indicar as raizes destas linguas, será bem-vindo. a questão é demonstrar que muitas lingas não são latinas e outras nem indo-européias são.

domingo, julho 23

meu gato: trocinho



sou fanático por gatos. sempre tenho um ou dois - infelizente eles não duram tanto quanto cães, pois são naturalmente boemios. as vezes um sai como se fosse para comprar uma carteira de hollywood e nunca mais volta. este aqui, que dorme para comer e come para dormir chama-se Trocinho

El demonio patrono de la tipografía.

El demonio patrono de la tipografía. MATERIAL EXTRAIDO DESTE SITE

por paola L. Fraticola
Texto extraído de Tipográfica nº 47,
Comunicación para diseñadores, 2001.




"Soy Cormac, hijo de Cosnamach,
que se ejrcita en Dun Daigre, el lugar de la escritura
y temo que tenemos demasiado de la diablura en esta tinta.
Soy un pobre diablo y mi nombre es TITIVILLUS."



La historia del aliado favorito de los escribas
y el mejor cuidador de sus impresos.

Otros oficios tienen sus maestros, otras artes sus santos patronos, pero sólo los calígrafos pueden aseverar tener un demonio patrono. El siguiente relato de Titivillus, ese singular diablo medieval, está basado en exiguos registros escritos, entrelazados con una cantidad de presunciones libres.

Titivillus fue creado en broma por los monjes medievales para lograr un propósito serio. La naturaleza repetitiva de la vida monástica era desgastante. Los monjes solían dejar de prestar la debida atención a su trabajo y entonces mutilaban o se les escapaban palabras, cometiendo errores ortográficos. Era necesario recordarles que la falta de atención era un pecado. La primera mención escrita de Titivillus por su nombre apareció alrededor de 1285 en el Tractatus de Penitentia, de John of Wales. Y el comentario que allí se hiciera fue repetido a principios del siglo siguiente por Petrus de Palude, el patriarca de Jerusalén, en un sermón; «Fragmina psalmorum /Titivillus colligit horum», que, traducido libremente, dice que TitivilIus coleccionaba trozos de los salmos. Escurriéndose sigilosamente sin ser visto, registraba cada una de las barbaridades verbales que se decían durante los oficios religiosos.

Pero los monjes deploraban los errores en la copia y en la escritura tanto como los que se producían en la lectura y en los cantos litúrgicos, si bien no existe ningún registro de su interés en los errores de los escribas con anterioridad al siglo XV.

También se presume que bien puede haber seguido a los monjes después de la celebración de la misa para interiorizarse de lo que estaba fuera de regla en el aposento de los calígrafos.

Lo que Titivillus hacía cuando escuchaba o veía un error fue lo que le otorgó su condición demoníaca. La temprana descripción de John of Wales aportó otro dato: «Quacque die mille/fvicibus sarcinat ille», corroborado en varios manuscritos (uno de ellos llamado Arundel 506, folio 46, que se encuentra en el Museo Británico de Londres). Éste explica que Titivillus estaba obligado a encontrar diariamente suficientes errores para llenar mil veces su bolsa, los cuales el Diablo bajaba al infierno, donde cada pecado era debidamente registrado en un libro con el nombre del monje que lo había cometido, para ser leído el Día del Juicio Final.

Se podría pensar que la búsqueda de errores por parte de Titivillus era tarea fácil. En The Cloisters Manuscript ("El manuscrito de los claustros"), como se lo conoce en la actualidad, producido entre 1325 y 1328, quince santos fueron accidentalmente omitidos en el calendario, y los nombres de más de treinta de ellos contenían errores de ortografía. Ya seguramente una bolsa llena.

No obstante, la presencia de Titivillus tuvo su efecto. Los monjes rápidamente comenzaron a tener más cuidado, y alrededor de 1460 le era necesario merodear a hurtadillas, con la bolsa casi vacía, alrededor del sitial del coro, en búsqueda de algunos «janglers, cum jappers, nappers, galpers, quoque drawers, momlers, forskippers, overenners, sic overhippers...» (los janglers y los jappers hablan rápido o en broma, los nappers se quedan dormidos, los galpers bostezan, los drawers no paran de hablar y los momlers mascullan, los forskippers miran a las cosas por encima, los overenners no son otra cosa que forskippers más rápidos, y los overhippers sencillamente lo hacen con más brío).



Titivillus se había quedado corto de pecados y para 1475 se había tenido que rebajar a incurrir en las diabluras más deslucidas:



En otras palabras, ocultándose furtivamente en las iglesias donde tomaba nota de los nombres de las mujeres que chismeaban durante la misa. Pero el diablo debe tener su merecido. En algún momento del siglo XV cayó en la cuenta de que un diablo astuto tendría que poder seducir a los escribas para que duplicaran, triplicaran y hasta cuadruplicaran sus errores y no perdió tiempo en poner en práctica su plan. Al poco tiempo estaba embolsando tantos pecados como en siglos anteriores. Los escribas, sobrecargados de trabajo debido a las increíbles exigencias de las universidades en materia de textos, negaban toda responsabilidad por los errores que aparecían en los manuscritos que tenían que producir con la mayor premura. El diablo, afirmaban, los había tentado para que cometieran errores y Titivillus, reconocido como el autor de sus erratas, se convirtió en patrono más que en una peste, ya que los absolvía de culpa y cargo.

Titivillus, una creación de la era medieval en el amanecer del Renacimiento, rehusó la luz de la razón y su nombre rápidamente cayó en el olvido. Pero nadie lo había exonerado de sus tareas diarias. A medida que aumentaba la popularidad de la imprenta y mermaba la riqueza de la caligrafía, diversificó sus actividades. El monje piadoso que editó el manuscrito Anatomy of the Mass (Anatomía de la misa) en 1561 tuvo que agregar al delgado libro de 172 páginas de texto una fe de erratas de quince páginas, un récord en materia de errores en un trabajo tan breve. La fe de erratas comenzó con una explicación por parte del monje a esta terrible situación: indudablemente, era trabajo del Diablo. El manuscrito de alguna manera se había ensuciado y empapado antes de llegar al impresor, quien, luego de estudiarlo mientras lo sostenía con cierta repugnancia, había sido inducido misteriosamente a cometer esta cantidad jamás superada de errores en una composición tipográpca. Sixto V, papa desde 1585 hasta 1590, aparentemente desconociendo a Titivillus, autorizó la impresión de la Biblia Vulgata traducida por Jerome. No queriendo correr riesgo alguno, el papa emitió una bula papal excomulgando en forma automática a cualquier impresor que le efectuara una alteración al texto. Ordenó que la bula fuera impresa al comienzo de la Biblia. Examinó personalmente cada hoja a medida que salía de la prensa. No obstante, la Biblia Vulgata contenía tantos errores que hubo que imprimir correcciones que fueron recortadas y pegadas encima de los errores en cada ejemplar de la Biblia. El resultado provocó un sinnúmero de comentarios irónicos sobre la irregularidad de la infalibilidad papal, y el papa Sixto no tuvo otra opción que ordenar la devolución y destrucción de la totalidad de los ejemplares. No obstante, según se dice, uno fue preservado como testamento a la obra o de Titivillus.

Desde el Renacimiento, los libros, y más recientemente los diarios, han abundado en errores tipográficos que carecen de explicación aparente. Pero es evidente en quién recae la culpa. Quién más podría haber hechizado con tanta maestría a los editores del Oxford English Dictionary, que durante el último medio siglo en cada edición de este trabajo eminente se hace una referencia incorrecta en la página lo que no sorprenderá a nadie donde se menciona a Titivillus. El rebrote actual del interés por la caligrafía es indudablemente del agrado de su demonio patrono.



Titivillus debe estar pensando que han vuelto los buenos días de antaño. ¿De qué otra manera podríamos explicar los errores que cometemos?

Extraído del libro Medieval Calligraphy, de Marc Trogin, editado por Dover.

REFERENCIAS: Las ilustraciones fueron facilitadas por María Eugenia Roballos y extraídas de: Avrin, Leila. Scribes, Script and Books, ALA/BL. i991. Jackson, Donald. La Scrittura nei Secoli, Nardini Editore, 1988. Backhouse, Janet. The Lindisfame Gospels, Phaidon, 1981. Gullick, Michael. Alfabeti Decorativi, L'arte della scrittura, Orsa Maggiore Editrice, 1995.